As flores da Coffea canephora, conhecida como café conilon, apresentam potencial para uso na produção de chás. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), por meio do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas do Centro Universitário do Norte do Espírito Santo (Ceunes), em São Mateus, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade do Porto, em Portugal.
O estudo identificou os principais compostos bioativos presentes nas flores e realizou a caracterização de seus perfis voláteis e sensoriais em infusões. Segundo os pesquisadores, os resultados indicam que o produto possui qualidades químicas, aromas e sabores que podem ser explorados comercialmente.
“A pesquisa deixa claro que as flores de café conilon têm grande potencial para o mercado de chás, pois proporcionam um produto com qualidades extraordinárias”, afirma o professor Fábio Parteli, do Ceunes/Ufes. Ele ressalta, no entanto, que ainda são necessários estudos adicionais para definir os genótipos mais adequados, além de avaliar custos e a viabilidade econômica.
Compostos bioativos e análise sensorial
A pesquisa foi realizada com seis genótipos de conilon cultivados em Nova Venécia, no noroeste do Espírito Santo. Foram identificados oito compostos de ácido clorogênico, sete ácidos fenólicos, além dos alcaloides cafeína e trigonelina em todos os extratos florais.
De acordo com artigo publicado na revista científica Foods, esses compostos são conhecidos por influenciar o sabor do grão de café e estão relacionados a propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
As infusões foram analisadas por um painel sensorial com nove avaliadores experientes, do Brasil e dos Estados Unidos. A avaliação identificou 85 compostos orgânicos voláteis. Floral, jasmim, flor-de-laranjeira, herbal, café verde, amadeirado e doce foram os principais atributos sensoriais destacados na fragrância, aroma e sabor.
“O que é interessante nesse chá é que, além de ter compostos bioativos, também tem sabor e aroma marcantes”, afirma a professora Adriana Farah, da UFRJ.
Impacto econômico e sustentabilidade
Os pesquisadores apontam que a utilização das flores pode gerar benefícios econômicos, agregando valor à produção e diversificando o uso da planta. A proposta é vista como uma possibilidade para estimular o aproveitamento integral do café, com potencial para ampliar a renda de agricultores.
“Esperamos que esse trabalho contribua para o desenvolvimento futuro de rodas de aromas e sabores de flores de café e para a consolidação do consumo de chá de flores de café em todo o mundo”, destacam os autores no artigo. Eles também apontam que a iniciativa pode apoiar metas da Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030.
O café conilon responde atualmente por cerca de 45% do mercado mundial. O Vietnã lidera a produção e exportação da espécie, seguido pelo Brasil.

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