Atualizado em 25/06/2025 – 16:08
Com a chegada do inverno e a queda das temperaturas, aumentam os casos de doenças respiratórias, como a gripe, provocada pelo vírus Influenza. Mesmo com a vacina contra a gripe disponível para toda a população acima de seis meses de idade, 84,48% das mortes registradas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Espírito Santo em 2025 ocorreu entre pessoas não vacinadas.
Até o dia 17 de junho, o Estado registrou 58 óbitos por SRAG causados por Influenza, sendo que 49 das vítimas — o equivalente a 84,48% — não haviam recebido a vacina contra a gripe. No mesmo período, foram notificados 249 casos graves da doença, dos quais 213 também envolviam pessoas não vacinadas. Os dados são do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) e do Sistema Vacina e Confia.
A SRAG é caracterizada por complicações respiratórias decorrentes de infecções como a gripe e pode evoluir para situações mais graves, especialmente em grupos considerados de maior vulnerabilidade.
Entre os óbitos registrados, 61,2% (30 casos) foram de pessoas com 60 anos ou mais — um dos grupos considerados prioritários pela campanha de vacinação. De acordo com a Secretaria da Saúde (Sesa), idosos, crianças entre seis meses e menores de seis anos, além de gestantes, foram os primeiros públicos contemplados pela vacinação e fazem parte do grupo para o qual o Ministério da Saúde recomenda uma cobertura vacinal mínima de 90%.
Até o momento, no entanto, a cobertura vacinal desses grupos no Espírito Santo está em 47,80%, conforme os dados do Sistema Vacina e Confia, divulgados até 24 de junho.
A vacina contra a gripe segue disponível em unidades de saúde para toda a população a partir dos seis meses de idade.
Comorbidades
Outro dado que chama atenção em relação aos óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Influenza de pessoas não vacinadas é a prevalência de comorbidades em pessoas não idosas.
Das 49 pessoas que morreram e não estavam vacinadas, 30 tinham 60 anos ou mais e 19 na faixa etária de 18 a 59 anos. Desses, 14 óbitos (73,68%) eram de pessoas que tinham uma ou mais comorbidades.
Para a referência técnica do Programa Estadual de Imunizações, Danielle Grillo, esse dado chama atenção, uma vez que, embora não pertença aos grupos com meta de cobertura vacinal, as pessoas com comorbidades são incluídas nos grupos especiais prioritários para a vacinação, como pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade), e têm acesso à vacina desde início da estratégia de imunização.
Ainda segundo a referência, dos 14 óbitos, destacam-se comorbidades como as cardiopatias, presentes em 47,37% dos óbitos, seguido de diabetes e tabagismo, presentes em 21,05% dos óbitos. Outras comorbidades presentes foram doenças hepáticas, neurológicas, pneumopatias, imunossupressão, doença renal crônica, etilismo, pancreatite e obesidade, por exemplo. Um óbito pode ter uma ou mais comorbidades.
“A estratégia de vacinação contra a gripe teve início em abril e, mesmo com as doses disponíveis à população, observamos uma baixa adesão. Os dados mostram que a complicação que a gripe pode levar atinge principalmente os grupos prioritários, por isso destacamos a importância da população se vacinar e alcançarmos a cobertura ideal”, salientou Danielle Grillo.
A referência técnica frisou que a vacinação contra a gripe e o alcance das coberturas vacinais auxiliam a reduzir a circulação do vírus, além de diminuir casos graves da doença, inclusive os óbitos causados pela Influenza.
Maior letalidade neste ano
Os casos de Síndromes Respiratórias Aguda Grave (SRAG) por Influenza em 2025 confirmam tendência de aumento de letalidade em relação ao ano anterior. Neste ano, a letalidade de SRAG por Influenza está em 23,29%, superando os 10,07% durante o mesmo período de 2024.
A letalidade é uma medida que relaciona o número de mortes por determinada doença e o número de pessoas que tiveram a doença.
Até a última terça-feira (17), foram notificados 249 casos de SRAG por Influenza e 58 óbitos. Durante o mesmo período de 2024, foram 417 casos da doença e 42 óbitos. O ano fechou com 501 casos e 51 óbitos.
Segundo explicou a médica e referência técnica da Vigilância da Influenza e Meningites, do Programa Estadual de Imunizações (PEI), Mariana Ribeiro Macedo, a Influenza traz maiores complicações em pessoas com extremos de idade, como idosos e crianças, e os dados de óbitos deste ano confirmam uma maior prevalência na faixa etária de 60 anos ou mais no Estado.
“Este ano temos observado uma predominância de SRAG por Influenza e por Vírus sincicial respiratório. Além disso, a letalidade de Influenza está maior, sendo em sua maioria em pessoas com 60 anos ou mais, faixa etária que apresenta um maior risco de complicação por doenças respiratória.”
Outras medidas de cuidado e prevenção são:
– Lave as mãos com água e sabão ou use álcool em gel, principalmente antes de consumir algum alimento;
– Uso da máscara se faz importante para aqueles que estejam com sintomas e a recomenda o uso àqueles que fazem parte dos grupos prioritários;
– Utilize lenço descartável para higiene nasal;
– Cubra o nariz e boca ao espirrar ou tossir;
– Evite tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
– Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
– Mantenha os ambientes bem ventilados;
– Evite contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe;
– Evite aglomerações e ambientes fechados (procurar manter os ambientes ventilados);
– Adote hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.

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