Atualizado em 31/07/2025 – 13:18
Você costuma se lembrar da saúde bucal do seu pet? Assim como nos humanos, a higiene da boca é essencial para o bem-estar e a qualidade de vida dos animais. Do mau hálito a doenças mais graves, a falta de cuidado pode trazer uma série de complicações. Para entender a importância da limpeza adequada e os principais cuidados que tutores devem ter, o VIXFeed conversou com a médica veterinária Marina Teixeira Gusman.
Muito além do mau hálito
Segundo a especialista, problemas bucais em cães e gatos não causam apenas dor, o que, por si só, já impacta bastante o dia a dia dos pets. O acúmulo de tártaro e as infecções na cavidade oral podem afetar diretamente o apetite e o comportamento dos animais.
“Uma boca cheia de tártaro e infecções não causa apenas dor, o que já é muito para um cão ou um gato. Isso também afeta o apetite, o comportamento – já que o animal com dor pode ficar mais agressivo – e pode gerar quadros de infecção que atingem outros órgãos”, explica Marina, que atua na Clínica Veterinária Praia da Costa, em Vila Velha.
Essas bactérias podem chegar à corrente sanguínea e atingir o coração, os rins e o fígado, gerando inflamações em diferentes partes do organismo. Por isso, manter a saúde bucal em dia contribui para um animal mais ativo, com melhor qualidade de vida.
Doença silenciosa
Entre os problemas bucais mais comuns estão a formação de tártaro, a gengivite, além da doença periodontal, que compromete os tecidos de sustentação dos dentes e pode causar perdas dentárias, fraturas, exposição da raiz e até tumores, nos casos mais graves.
“O excesso de bactérias começa a causar inflamações no geral, como a gengivite. Com o tempo, isso evolui para uma doença periodontal, que destrói os tecidos ao redor, provoca mau hálito e pode até levar à reabsorção ou perda dos dentes”, alerta.
A inflamação também pode afetar articulações e comprometer o funcionamento de órgãos internos. “A saúde realmente começa pela boca”, reforça Marina.
O que é o tártaro e por que ele se forma?
O tártaro nada mais é do que a placa bacteriana endurecida. Ele surge da combinação de restos de alimento, saliva e bactérias. Com o tempo, essa placa se mineraliza e não pode mais ser removida apenas com escovação, exigindo uma limpeza profissional.
“É como nos humanos: uma vez endurecida, só conseguimos remover com procedimento específico, feito no consultório e com anestesia”, explica a veterinária.
Essa camada endurecida, se não tratada, pode causar uma série de complicações, como inflamações, fraturas dentárias e infecções que afetam outros órgãos. Segundo Marina, o coração costuma ser o mais afetado.
Com que frequência a limpeza deve ser feita?
A limpeza profissional dos dentes deve ser feita, em média, uma vez por ano. Entretanto, isso pode variar conforme o porte, alimentação e genética do animal: cães de pequeno porte e pets que consomem alimentação natural, por exemplo, tendem a acumular mais tártaro.
“Animais que comem comida natural acumulam mais tártaro, porque a ração faz mais abrasão e dificulta a formação da placa. Mas o mais importante é escovar os dentes em casa. Se conseguir fazer isso algumas vezes por semana, já ajuda bastante a espaçar as limpezas no veterinário”, orienta.
Cuidados diários que fazem a diferença
A escovação continua sendo o cuidado mais importante. A recomendação da veterinária é que seja feita diariamente ou, pelo menos, três vezes por semana. Existem escovas, pastas enzimáticas e soluções orais específicas para pets que ajudam na manutenção da saúde bucal.
Petiscos e brinquedos que promovem atrito também ajudam a reduzir o acúmulo de tártaro. “Tudo que faz a abrasão nos dentes ajuda na prevenção. Mas é importante lembrar que uma vez formada a placa, ela não sai mais sozinha — precisa ser removida profissionalmente”, completa.

Receba, semanalmente e sem custos, os destaques mais importantes do ES, do Brasil e do mundo diretamente no seu e-mail.