Atualizado em 19/11/2025 – 12:40
O deputado federal Helder Salomão (PT-ES) tem acelerado articulações internas e externas para avaliar a possibilidade de disputar o Governo do Espírito Santo em 2026. Em entrevista ao VIXFeed, o parlamentar afirmou que só entrará na disputa se houver uma “candidatura para valer”, sustentada pelo aval do partido no Estado, da direção nacional e, principalmente, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Enquanto testa sua força política, Salomão percorre municípios, articula apoios e tenta se posicionar como uma alternativa competitiva no tabuleiro estadual.
O nome do parlamentar apareceu pela primeira vez na pesquisa França/VIXFeed para o cenário da próxima eleição para a disputa do Governo do Estado do Espírito Santo, divulgada na última segunda-feira (17). Em todos os cenários testados, ele parte de um piso de 12% e chega a alcançar até 18% das intenções de voto, dependendo das combinações avaliadas.
Em entrevista, o deputado afirmou que sua decisão depende de três fatores: unidade interna do PT capixaba, aprovação da direção nacional e apoio explícito de Lula. “Esses são pontos essenciais para apresentar não só uma candidatura, mas um projeto que contemple o presente e o futuro do Espírito Santo”, diz. Segundo ele, sua eventual entrada na disputa não seria isolada, mas parte de uma estratégia conectada ao projeto nacional liderado pelo presidente.
O parlamentar afirma que já recebeu sinalizações positivas da cúpula petista em Brasília e que novas conversas ocorrerão com integrantes do governo federal, incluindo a ministra Gleisi Hoffmann e, posteriormente, o próprio Lula.
Alianças e composição do palanque
Internamente, Helder Salomão afirma que o PT demonstra unidade em torno de seu nome. Ele também menciona avanços no diálogo com os partidos da federação PT-PV-PCdoB, além de aproximações com lideranças de PSOL e Rede. Para ele, uma campanha só faz sentido se resultar em um palanque competitivo capaz de fortalecer também a disputa proporcional e a campanha de Lula no Estado.
“Não justifica deixar de ser candidato a deputado federal para ter um palanque esvaziado. Para que a gente tenha um movimento forte e competitivo, é preciso que nós busquemos a aliança interna, ou seja, com todas as forças políticas que compõem o nosso partido. Então, eu posso afirmar que hoje há uma unidade interna, uma unidade do partido em torno da nossa pré-candidatura”, reforça.
Desempenho nas pesquisas e impacto no cenário
O levantamento mais recente do França/VIXFeed marcou a primeira aparição do deputado nas simulações para o governo estadual, com índices entre 12% e 18%. Ele interpreta o resultado como “muito positivo”, considerando que seu movimento eleitoral começou apenas em setembro.
Para o deputado, a entrada do seu nome no cenário “mexeu no tabuleiro” e aumenta a probabilidade de segundo turno, abrindo espaço para a consolidação de sua pré-candidatura.
“Eu avalio esses números de forma muito positiva. Tem pré-candidato que está há mais de três anos fazendo movimentação eleitoral. Todos estão há mais de um ano fazendo articulações em torno de suas pré-candidaturas e eu iniciei esse processo agora em setembro. Em menos de dois meses, nós já pontuamos acima de dois dígitos. Isso indica que efetivamente nós estamos apresentando um movimento político competitivo”, pontuou.
Salomão explicou que está fazendo o primeiro ciclo de plenárias pelo Estado, sendo as quatro primeiras regionais já realizadas: Norte, Noroeste, Sul e Caparaó. A última desta fase será em Vitória, em dezembro.
“Nós avaliamos que os demais políticos cotados ao governo só falam de nomes e nós achamos que isso empobrece o debate político eleitoral. Nós queremos apresentar, além de nomes, um projeto para o Estado do Espírito Santo, e esse projeto será fruto e resultado dos diálogos que nós estamos fazendo. Nossa pré-candidatura é competitiva. Ela se encontra num momento de articulação com as lideranças de todo Estado. Nós estamos dialogando com os partidos, com os movimentos sociais, com as entidades, com as instituições”, declarou.
Rejeição e disputa com segmentos da direita
A pesquisa também aponta uma rejeição acima de 28% ao seu nome. Helder Samolão atribui o índice ao antipetismo, e não à sua trajetória pessoal. Ele considera o número administrável:
“Se 28% rejeitam, significa que 72% estão abertos ao diálogo”, argumentou, afirmando que a rejeição tende a se redistribuir à medida que o cenário se afunila e candidatos de perfis semelhantes saem da disputa.
O deputado, contudo, reconhece que há pouco espaço para diálogo com a extrema-direita, mas afirma que buscará conversar com eleitores moderados, de centro e até setores da direita “abertos a um diálogo propositivo”.
Trajetória política e credenciais
Salomão destaca que sua experiência política, que inclui ter sido vereador, deputado estadual, prefeito por dois mandatos, secretário estadual e hoje deputado federal em terceiro mandato, o credencia a liderar uma candidatura competitiva e dialogar com diferentes espectros políticos.
Ele afirma ter capacidade de construção política e de articulação para além do campo progressista, algo que considera essencial para disputar o governo.
Prioridades para um eventual programa de governo
Sobre propostas, o deputado afirmou que seu programa seguirá duas bases: preservar conquistas dos últimos 24 anos no Estado e aprofundar políticas sociais, defendendo:
- desenvolvimento econômico sustentável,
- fortalecimento de pequenos negócios, cooperativas e economia solidária,
- valorização do serviço público,
- regionalização de investimentos,
- e políticas de inclusão social.
“Não basta ter nota A no Tesouro Nacional; é preciso ter nota A nas políticas públicas”, resumiu.
O programa, segundo ele, será construído “a muitas mãos”, com participação da população, movimentos sociais e especialistas.
Próximos passos
O deputado seguirá com a agenda de plenárias regionais até dezembro, quando realizará um encontro em Vitória para encerrar o primeiro ciclo de debates. Paralelamente, intensificará conversas com o PT nacional e com partidos aliados em busca de consolidar a base de apoio necessária para oficializar a pré-candidatura.
“Não sou pré-candidato a qualquer custo. A principal condição ainda está sendo construída: viabilizar o apoio do presidente Lula”, concluiu.

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