Grupo Z estreia ‘Os Fuzis de Teresa Carrar’ em Vitória e Domingos Martins

Atualizado em 25/06/2025 – 08:38

O Grupo Z estreia, no próximo mês de julho, o espetáculo “Os Fuzis de Teresa Carrar”, inspirado na peça clássica “Os Fuzis da Senhora Carrar”, de Bertolt Brecht. Com encenações gratuitas e pensadas para o espaço público, a montagem será apresentada nos dias 6 de julho, em Domingos Martins, e 12 e 13 de julho, em Vitória. Além das apresentações públicas, o grupo realiza duas sessões especiais para estudantes da rede pública de Vitória e uma oficina formativa.

A peça de Brecht aborda temas como resistência, consciência social e coragem diante dos desafios coletivos, com uma história que se passa na Andaluzia durante a Guerra Civil Espanhola. O enredo acompanha o dilema de Teresa Carrar, que depois de perder o marido durante sua luta na resistência ao franquismo, quer manter os filhos longe da guerra para não os perder também, acreditando que a neutralidade da família no conflito os preservaria da violência fascista.

“O espetáculo fala sobre a impossibilidade de neutralidade diante da opressão, da necessidade de resistir e lutar contra o que nos oprime. Há quem defenda que a Guerra Civil Espanhola tenha sido um ensaio para a Segunda Guerra Mundial. Os nazifascistas teriam experimentado o seu poder, a resistência do resto do mundo e suas possibilidades. Ou seja, era o nazifascismo avançando sem que as democracias ocidentais pudessem – ou quisessem – contê-lo. Como a gente vê acontecendo agora. E o Brasil, infelizmente, tem papel de destaque nesse movimento mundial”, afirma o diretor e dramaturgo Fernando Marques.

A montagem é fruto de estudos teóricos profundos sobre a obra de Brecht, realizados pelo grupo antes mesmo dos ensaios. Conhecido pelo forte posicionamento político radicalmente à esquerda, Bertolt Brecht é adepto do teatro épico, que ao invés de tentar replicar a realidade em cena, se assume como teatro e leva o público à reflexão.

“O namoro do Z com o teatro épico do Brecht é antigo e permeia o trabalho do grupo praticamente desde seu início. Quando montamos Dom Casmurro, por exemplo, tivemos um grupo de estudo sobre o teatro épico, de forma geral, e do épico brechtiano, em particular, aliando teoria e prática. Na verdade, os estudos guiaram de forma bastante direta a montagem”, explica Marques.

A escolha de realizar as apresentações no espaço público da rua também foi escolhida pelo grupo como um posicionamento político. Segundo o dramaturgo, o encontro com o público na rua, além de ser mais democrático, fortalece o caráter coletivo das lutas, das trocas e da construção conjunta que o teatro traz.

Oficina

Como parte do projeto, além do espetáculo, o grupo realiza uma oficina gratuita intitulada “A Atuação no Teatro Épico”, que discorre sobre o processo de preparação e criação do elenco de uma peça a partir das características do teatro épico brechtiano.

A formação acontece no dia 12 de julho, das 9h às 12 horas. Serão disponibilizadas 25 vagas, voltadas para estudantes de artes cênicas, artistas da cena e áreas afins, e interessados por teatro. As inscrições podem ser realizadas até a próxima segunda-feira (30) através de um formulário disponibilizado on-line.