Membros da Comunidade Quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, vão participar de oficinas audiovisuais gratuitas que irão resultar em um filme. O projeto é liderado pela equipe do Instituto Marlin Azul (IMA) e já ocorreu em outras comunidades do estado. Desta vez, o tema escolhido será: sonhos.
Com duração de 20 horas, os encontros acontecerão de quinta-feira (20) a domingo (23), reunindo participantes de diferentes idades. Os quilombolas e a equipe IMA se juntarão numa roda de conversa para contar e ouvir seus sonhos e, após este bate-papo, eles escolherão juntos como transformar o que contaram em um filme por meio da organização do roteiro, da seleção dos personagens, figurinos, objetos de cena e dos lugares para as gravações.
Com câmeras de celular e equipamentos disponibilizados pelo Instituto Marlin Azul, o grupo percorrerá o lugar onde vive para reunir imagens e sons do cotidiano, memórias, práticas tradicionais, passado e presente, relatos e invenções. Depois, eles vão se juntar novamente para assistir e comentar o material registrado, discutindo de forma coletiva pistas para a edição do filme.
O curta-metragem com até 15 minutos resgatará traços da identidade, das crenças e dos jeitos de pensar, viver e de se relacionar numa comunidade quilombola. Após o processo de montagem e finalização, a obra será exibida em sessão aberta e gratuita para comunidade ainda neste ano.

O que é o projeto
O Cine Quilombola é um projeto de fortalecimento comunitário através do registro audiovisual dos saberes e fazeres tradicionais das comunidades quilombolas, pelo olhar dos próprios moradores junto com a equipe IMA. A ideia é estimular, nas comunidades, o uso do audiovisual como estratégia de criação, invenção e também de preservação, memória, valorização, registro e difusão das práticas e saberes ancestrais.
A ação foi contemplada pelo edital 04/2023 – Seleção de Projetos de Valorização da Diversidade Cultural Capixaba. A realização é do Instituto Marlin Azul com recursos do Funcultura através da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Espírito Santo (Secult-ES). A iniciativa conta com o apoio da Coordenação Estadual Quilombola do ES Zacimba Gaba, da Confederação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e da Comunidade Quilombola de Monte Alegre.
Histórico
A primeira edição do Cine Quilombola foi realizada em 2021, no sul do Espírito Santo, e resultou nos seguintes documentários: “Do Lado de Cá”, da Comunidade Quilombola de Graunha (Itapemirim); “Vamos em Batalha“, das Comunidades Quilombolas de Cacimbinha e Boa Esperança (Presidente Kennedy); “Era Caminho Deles“, da Comunidade Quilombola de Pedra Branca (Vargem Alta); “Ninguém Canta Igual Eu Canto“, da Comunidade Quilombola de Monte Alegre (Cachoeiro de Itapemirim).
No ano de 2023, o projeto ampliado recebeu o nome de Cinema de Griô e se estendeu para Conceição da Barra, no Território do Sapê do Norte, culminando na produção das obras “O Vento não tem Morada“, da Comunidade Quilombola do Córrego do Alexandre (Porto de São Benedito), Comunidade Quilombola Porto Grande e Comunidade Quilombola de Santanta; “Abre Caminho“, da Comunidade Quilombola do Angelim II; e “Jangolá”, da Comunidade Quilombola do Linharinho.
No ano seguinte, em 2024, numa nova edição do Cine Quilombola, a Comunidade Quilombola do Linharinho, no norte do ES, voltou a reunir integrantes de diferentes gerações para uma nova vivência audiovisual, desta vez para transformar em filmes histórias guardadas durante os sonhos. O resultado foi a realização dos curtas-metragens “Sonhos” e “Comadres“.


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