Atualizado em 30/07/2025 – 15:53
A Casa Caipora, centro cultural localizado no Centro de Vitória, divulgou nesta quarta-feira (30) um comunicado alertando para o risco de ter que encerrar suas atividades musicais. O motivo seria uma notificação recebida após denúncias de poluição sonora registradas pelo serviço municipal Disk Silêncio.
De acordo com o comunicado, o espaço recebeu recentemente a visita de órgãos fiscalizadores, o que culminou na emissão de uma notificação oficial. Em caso de reincidência, uma nova visita pode resultar em multa, o que, segundo a Casa, colocaria em risco a continuidade de suas atividades.
No texto, a Casa Caipora afirma que essas sanções ameaçam diretamente sua sustentabilidade, uma vez que os eventos musicais são apontados como o principal meio de subsistência financeira do espaço. A direção também chama atenção para a complexidade do tema e a dificuldade de conciliar as manifestações culturais com as exigências da vizinhança.
Cenário de convivência mista e limites sonoros
A Casa destaca que está inserida em um “território misto”, onde convivem moradores com diferentes perfis, incluindo idosos, pessoas com deficiência, neurodivergentes, recém-nascidos, convalescentes e trabalhadores de diversas áreas. “A solução não é simples. A equação é difícil de fechar”, diz um trecho do comunicado.
O documento também menciona os limites de ruído estipulados pela legislação municipal: 65 decibéis entre 7h e 22h, e 55 decibéis entre 22h e 7h. A Casa argumenta que, embora respeite os horários legais, há uma incompatibilidade entre esses limites e a dinâmica dos eventos culturais, sobretudo considerando o público que trabalha em horário comercial e só consegue chegar após as 20h.
“Com evento até as 22h, só restam duas horas para funcionar e pagar as contas. Essa matemática não fecha”, afirma a equipe.
Impacto direto na programação cultural
Entre as alternativas levantadas no comunicado, estão o investimento em isolamento acústico ou a limitação da programação a determinados dias e horários. No entanto, a Casa afirma que essas soluções trariam impactos negativos tanto financeiros quanto na proposta curatorial do espaço, que é manter uma programação diversa e acessível.
A Casa Caipora se define como um espaço de acolhimento para diferentes expressões culturais, incluindo gêneros como funk, trap, rap, rock, metal, hardcore, punk, bossa nova, jazz e música erudita.
Incertezas e continuidade provisória
O comunicado encerra com tom de incerteza e resistência. A equipe da Casa admite a possibilidade de ter que encerrar as atividades culturais como são conhecidas hoje, mas sinaliza disposição para seguir em funcionamento enquanto possível.
“Seguiremos com nossa programação de forma destemida, aguardando o momento inevitável e vivendo cada encontro como se fosse o último”, afirma a direção.
O caso da Casa Caipora reflete uma tensão frequente na capital entre as exigências de convivência urbana e a manutenção de espaços culturais autônomos, sobretudo em regiões de uso misto como o Centro de Vitória.

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