Atualizado em 15/10/2025 – 19:04
No final de semana passado foi realizada a primeira festa literária internacional capixaba, a FLINC, evento que prometia entregar cultura aos capixabas e incluir o Espírito Santo no calendário nacional das feiras literárias.
Nosso primeiro elogio antecede a Festa propriamente dita e vai para quem decidiu destinar a residência oficial, que antes abrigava o governador e familiares, a um parque cultural. E aí sim, escrevendo propriamente sobre a Festa, a decisão de realizar a FLINC no belo local, que acolhe desde crianças até idosos, foi um grande acerto.
A curadoria também merece elogios, pois ter escritoras de renome como Geni Guimarães, Vera Iaconelli e Manoela Sawitzki, todas juntas em terras capixabas, foi um excelente presente a todos que puderam comparecer e também uma entrega para a sociedade capixaba. A Feira, como foi, construiu pertencimento e gerou orgulho, além de levar nosso ES para olhares curiosos de outros estados.
A organização foi muito bem estruturada, demonstrando cuidado e profissionalismo em todos os detalhes. Como todo grande evento público, há sempre pontos a aperfeiçoar. A alta procura pelos ingressos mostrou o interesse do público e pode inspirar ajustes futuros na distribuição, garantindo que ainda mais pessoas possam participar. A área de alimentação, por sua vez, pode ser ampliada nas próximas edições, oferecendo ainda mais opções e praticidade ao público.
A abertura da FLINC teve pequenos desencontros na condução inicial, com atraso e falas longas de apresentação dos parceiros institucionais, inclusive com uma representante da prefeitura de Vila Velha (por que não o prefeito?) descrevendo um trabalho realizado por sua secretaria. Aquele não era o local e muito menos a hora para a “prestação de contas” por parte da “representante” municipal. Ainda assim, o público manteve o entusiasmo e, logo depois, foi brindado com um dos momentos mais marcantes da Festa.
Mesmo com a chuva e o grande público que ultrapassou as expectativas, o clima de entusiasmo se manteve. O espaço, apesar de desafiado pela demanda, mostrou o quanto o interesse dos capixabas por eventos culturais é crescente. Porém, bastou o Padre Júlio Lancellotti pegar o microfone para que o que não estava funcionando fosse esquecido. A fala potente e mansa, perturbadora e calma, transformadora, fez com que a abertura da Festa não pudesse ter sido melhor.
Uma observação: Padre Júlio desceu do palco e falou no meio de todos nós! É sobre isso. Um senhor com a idade dele sabendo se comunicar como ninguém. A mensagem dele alcançou a todos.
Vale registrar que o governador Renato Casagrande, o senador Fabiano Contarato e o deputado federal Helder Salomão estavam presentes na abertura. A ausência de outros detentores de mandatos (federal, estadual e municipal) pode nos levar a uma reflexão sobre como cada um deles prestigia a cultura e a literatura.
No sábado, com o dia lindo, a Festa ganhou ares de perenidade. Ali, no segundo dia, tudo funcionou: conteúdo e forma, talvez chegando perto de um dos melhores eventos já realizados em nosso estado. As rodas de conversa com possibilidade de perguntas por parte do público foram excelentes! As arquibancadas montadas sob as tendas foram uma ótima sacada. A sensação de acolhimento era visível em todos que lá estavam: crianças, adultos, idosos e pets (sim! A Feira é pet friendly)!
O terceiro dia, o derradeiro, conseguiu dar continuidade ao êxito dos dias anteriores e fez um encerramento à altura de tudo que ocorreu no local no final de semana.
A FLINC superou as expectativas e marcou posição como um dos grandes eventos do Espírito Santo, ainda com inúmeras possibilidades de melhoria em suas próximas edições. Isso é incrível!
O gostinho de “quero mais” e “por que acabou?” está presente em todos que puderam se deliciar nesses dias com cultura e literatura oferecidas de forma direta e em doses robustas! Está no ar a pergunta: quando será a próxima?
Seja muito bem-vinda, Flinc!

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