Atualizado em 26/09/2025 – 08:50
Nove aldeias Tupinikim e Guarani localizadas no município de Aracruz participarão de uma residência artística inédita, que reunirá artistas indígenas e curadoras convidadas. Intitulado Mbónonhaga, o projeto, que começou nesta quinta-feira (25) e vai até a segunda-feira (29), oferece cinco dias de vivências, trocas e reflexão sobre a presença da arte indígena no circuito cultural.
A residência surgiu por iniciativa do Núcleo de Projetos Associação Indígena Tupinikim e Guarani (AITG), organização que apoia articulações entre o território indígena e instituições.
Estão previstas na programação feiras de arte, visitas a ateliês, rodas de conversa, além de trilhas e vivências no território. Também serão feitas pesquisas em acervos e será produzido um catálogo digital. O processo dará origem a um projeto curatorial coletivo, já com conceito e espaço definidos, que resultará em uma grande exposição de arte indígena do Espírito Santo.
O nome Mbónonhaga, de origem Tupinikim, significa “arte, artesanato, fazer com a mão”, expressão que sintetiza a proposta do projeto de fortalecer a produção artística indígena, historicamente invisibilizada nos espaços institucionais.
Participante do projeto, a artista plástica e produtora cultural Renata Apolinario, integrante do Núcleo da AITG, destaca que a residência busca ser uma ponte entre os artistas indígenas e o circuito das artes. “Vamos conectar os artistas para que as próximas curadorias e exposições tenham uma relação profunda, direta e respeitosa com os povos indígenas”, afirma.
Já a artista e liderança da aldeia Pau Brasil, Bárbara Tupinikim, anfitriã do projeto, ressalta a importância do reconhecimento. “Muitos nem se veem nesse lugar de artistas. Mas esperamos que possam não só produzir, como também fazer curadorias e exposições, levando sua arte como forma de expressão, como forma de usar essas linguagens para ecoar a luta, resistência, desafios e conquistas das mulheres indígenas”, aponta.
Entre as convidadas está a curadora, educadora e pesquisadora indígena Naine Terena, referência nacional em curadoria de arte indígena contemporânea, que já apresentou artistas originários em espaços como a Pinacoteca de São Paulo. Ela se soma a outras curadoras de destaque, como Mariana Leme, curadora e pesquisadora em arte contemporânea, com foco em processos colaborativos, formação de públicos e curadoria educativa; Cláudia Afonso, diretora do Museu Vale, responsável pela direção artística, executiva e de relações institucionais; e Ananda Carvalho professora do Curso de Artes Visuais da Ufes e responsável pela direção artística, executiva e de relações institucionais.
A residência será realizada com recursos do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), da Secretaria da Cultura (Secult) e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) do Ministério da Cultura (Minc), Governo Federal.

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