O dia 8 de março sempre amanhece com flores virtuais, publicações emocionadas e promessas de um mundo mais justo e igualitário.
O feed se enche de homenagens. Empresas, políticos e celebridades entram em uma competição para ver quem produz o texto mais bonito sobre a força da mulher. Mas, horas depois, tudo se perde na timeline.
As postagens desaparecem e o que resta, no dia seguinte, é a realidade de sempre: mulheres recebendo menos, sendo interrompidas em reuniões, tendo suas ideias apropriadas por colegas homens e precisando provar todos os dias que são tão competentes – quanto qualquer um.
No mercado de trabalho, o “parabéns” dura cerca de 24 horas, mas a desigualdade é permanente. Segundo o IBGE, as mulheres brasileiras ganham, em média, 20% a menos do que os homens para a mesma função. Quando falamos de mulheres negras, essa diferença se amplia ainda mais.
E as empresas? Muitas fazem questão de publicar homenagens no 8 de março, mas no dia seguinte seguem sem plano de equidade salarial, sem representatividade feminina em cargos de liderança e sem políticas concretas para combater o assédio. As palmas são generosas, mas as mudanças, escassas.
O Dia das Mulheres deve ser um lembrete de que o respeito, a equidade e a justiça precisam ser práticas diárias. Que tal substituir a homenagem vazia por um compromisso real? Como, por exemplo, revisar salários, garantir licença parental igualitária, criar espaços seguros para denúncias, promover lideranças femininas. Essas são algumas das verdadeiras formas de reconhecer a importância das mulheres no trabalho e na sociedade.
Mesmo porque, as flores murcham. Os posts desaparecem. Mas a desigualdade, se não for combatida, continua. E, no dia seguinte, as mulheres não precisam de mais um elogio. Elas precisam de mudança.

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