Atualizado em 02/10/2025 – 14:47
Futuquei uns arquivos antigos e achei alguns bonitos textos de amor. Os amores passam e os textos ficam. Me deu saudade.
Você vai ler três amores diferentes, três doçuras diferentes, três momentos diferentes. Os textos foram escritos entre 2014 e 2018. São tão antigos que eu ainda tomava café com açúcar. Mas são bonitos, e por isso compartilho.
Como tem coisas mais calientes, a classificação indicativa não é livre. Isso posto, boa leitura!
O do café doce
Ontem uma abelha entrou pela janela de minha casa e não me atacou. Procurou primeiro o café e caiu na xícara cheia que Guilherme não tomou porque estava muito doce. Senti como se aquele café doce tivesse te vingado o medo de abelha e até o primeiro amor da sessão da tarde. A abelha agonizou ali por mais de um minuto e eu acompanhei a morte dela pensando em te narrar detalhes.
As asas dela em princípio batiam rápido, e foram ficando lentas enquanto ela girava círculo inteiro da borda tentando se livrar do líquido preto. Tentei fotografar, mas sou completamente incompetente nessa função. A abelha morreu no café, e eu quis que você tivesse visto por que você gosta de café e não gosta de abelha.
Você provavelmente não tomaria meu café doce demais, mas também não teria visto a cena de medo. A abelha ia ficando lenta e sua morte foi sentida em mim com alegria. Parecia que a abelha dizia, conta pra ele, Aline, conta. Conta pra ele que enquanto houver café contigo ele não precisa ter medo de nada.
O mais hot
Tende piedade do meu tesão. Acordei com saudade da praça Costa Pereira, que vejo todos os dias. Tesão tão deslocado de tempo e espaço, meu deus. Piedade, tende. Espere, não. Qualquer dia pego dois quilos de avião.
Acordei com saudade das convulsões e do livro que não li e comprei naquele dia de medo da espera. Você não sabe o quanto a pontualidade me atrai. Pode ser que eu morra sem dizer que o tempo volta.
Nunca mais sua boca grande.
Mas sonhei esta noite e juro que o corpo era seu no meu e a gente com as bocas misturadas numa cama. Meu corpo. Me deu saudade mandar em você. Saudade montar em você, saudade da inclinação da queimadura que ainda guardo na virilha. Suas piadas.
Você usava verde, eu usava verde. Hoje seríamos vermelhos de tesão guardado anos e anos fingidos que perna quando roça com perna não causa nada. Caos absoluto, isso de guardar. Senhor, me apague. Estou incêndio posto.
My gringo
Escrever a gente. De novo. Não quero nada do que está escrito porque carne a gente não escreve. Nem seu olho, nem meu olho, nem o cheiro do suor da gente, nem o jeito de dar bom dia, nem você na padaria, nem quando passa a roleta do ônibus e você diz duas pessoas.
Quando a gente senta na varanda e você já trouxe dois cigarros. Você está me ensinando a pensar pra dois, e mal aprendo alguma coisa, você vai embora.
Eu te amo.
Que bom que eu disse.

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