Atualizado em 24/03/2025 – 11:51
O carnaval de rua de Vitória atingiu dimensões que já superam o tradicional desfile das escolas de samba. Durante sessão ordinária na Câmara Municipal nesta segunda-feira (24), o representante do Bloco Regional da Nair, André Félix, revelou que somente este bloco reuniu cerca de 110 mil pessoas na avenida, número que supera o público total dos três dias de desfile no Sambão do Povo, estimado em 60 mil pessoas este ano.
Em seu pronunciamento, Félix apresentou um diagnóstico sobre a atual situação do carnaval de rua da capital e apontou problemas na relação com o poder público municipal. “Ficamos dois meses sem notícias sobre o carnaval. Nem a Secretaria de Turismo Municipal, nem a Secretaria de Cultura Municipal, nem a Prefeitura respondiam nossos ofícios”, afirmou.
Segundo o representante, que falou em nome de um dos mais tradicionais blocos da cidade, fundado em 2011, os organizadores têm sido “tratados como pessoas que não são sérias, como se fosse um evento que não fosse sério”. Félix ressaltou a importância econômica do carnaval de rua: “O carnaval é também um produto que gera milhões de impostos para a Prefeitura, para essa cidade.”
Endividamento e restrições
Um dos principais problemas relatados foi o endividamento dos blocos, apesar do investimento municipal de aproximadamente R$ 2 milhões no evento. Segundo Félix, este aporte só ocorreu após “anos de muita cobrança e luta dos blocos e sociedade” e ainda está muito aquém do necessário. “Os blocos estão endividados, ou seja, aquelas pessoas que trouxeram o carnaval, trouxeram o público pra rua, estão endividadas”, destacou.
Para contextualizar a situação, o representante comparou com o atual carnaval de rua de Belo Horizonte, que mesmo tendo iniciado após o de Vitória, já conta com investimento de R$ 18 milhões.
Félix também mencionou que a Prefeitura proibiu a exibição de faixas de patrocinadores nos trios elétricos, dificultando ainda mais a captação de recursos pelos organizadores. Como solução, André propôs a criação de um edital específico para o fomento dos blocos carnavalescos.
Propostas para o futuro
O carnaval de rua representa importante fonte de receita para a economia das principais cidades brasileiras. O evento movimenta milhões em impostos e aquece diversos setores, desde o comércio ambulante até a rede hoteleira, restaurantes e transportes.
Durante sua fala, o representante do Regional da Nair apresentou duas propostas principais: a criação de um conselho fixo do carnaval, que reuniria vereadores, representantes da Prefeitura, blocos e produtores culturais para avaliação e debate constante sobre o carnaval; e a realização de um evento nacional de discussão sobre o carnaval de rua no Brasil, a ser sediado em Vitória.
“Esse é o momento da gente pensar os próximos quinze anos, ou seja, como é que vai ser o carnaval em 2040? Como é que vai ser o carnaval de rua em 2050?”, questionou Félix, lembrando que em 2026 o bloco Regional da Nair completará 15 anos de existência.
Crescimento expressivo
O bloco, que começou em 2011 com apenas 500 pessoas, cresceu exponencialmente ao longo dos anos. Félix detalhou essa evolução: “No ano seguinte, foram mil pessoas, depois três mil. Em 2014, passou a ser realizado durante o carnaval e foi crescendo cada vez mais”.
Além do Regional da Nair, Félix citou outros blocos que contribuíram para o crescimento do carnaval de rua na capital: Amigos da Onça, Afro Kizomba, Puta Bloco, Esquerda Festiva, Maluco Beleza e Coisa de Negres.
Durante seu pronunciamento, o representante também prestou homenagem a Waguinho, mestre do bloco Prakabá, e Carlos Rabelo, figuras importantes do carnaval do Centro de Vitória que faleceram recentemente.

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