Atualizado em 23/12/2025 – 08:16
Um podcast criado por estudantes de Vila Velha acaba de chegar às plataformas de streaming com a proposta de discutir música, identidade e acesso às tecnologias a partir de vivências periféricas. Intitulada “A Viagem da Canção sem Fronteiras”, a série foi desenvolvida por alunos do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Novo Milênio, sob coordenação do professor Luiz Eduardo Neves, e conta com dois episódios que abordam a circulação da música nas redes e seus impactos culturais. Os capítulos já estão disponíveis no Spotify, YouTube, Castbox e SoundCloud.
O primeiro encontro discutiu a relação entre identidade, mercado e visibilidade digital. A empreendedora Ursula Ramos afirmou que a construção da marca Kizzala parte da própria vivência. “Não faz sentido eu trabalhar com algo que não seja a minha realidade”, disse ao tratar da disputa por espaço nas redes e da necessidade de manter coerência entre identidade e produto. Para ela, a representatividade depende de escolhas sobre onde e como ocupar esses espaços. “Não adianta trazer o que está sendo imposto se isso não faz sentido com quem a gente é”.
O rapper JR Conceito abordou o rap como linguagem construída a partir da experiência da periferia e como ferramenta de transformação social. “O rap me resgatou e me mostrou a importância de estudar, buscar informação e conhecimento”, afirmou. Segundo ele, as plataformas ampliam o alcance do trabalho, mas nem sempre favorecem conteúdos ligados a questões sociais. “Tenho poucas pessoas comigo, mas sei que são verdadeiras e sabem o que estou falando”. No final da reunião, JR Conceito apresentou mine show com as músicas Beijo da Dor, Manda Benção 2 e Crimes Capitais.
O segundo encontro concentrou o debate no acesso às tecnologias e no poder de fala. O pesquisador Júnior Silva afirmou que a discussão vai além da conectividade. “O problema não é só ter acesso, mas quem controla as tecnologias e como essas vozes circulam”, pontuou.
A artista Lucrécia destacou que sua produção nasce fora das redes e que a internet funciona como desdobramento do trabalho artístico. “A internet é consequência do que eu faço, não o ponto de partida”, frisou. Ela também questionou a centralidade dos números como critério de relevância. “Às vezes, 20 pessoas consumindo de verdade têm mais sentido do que milhares passando sem escutar”. O encontro foi encerrado com um show de Lucrécia, com as músicas Braba da Cena, Conselho e Pretos Também Amam.
A obra é realizada por meio do Edital n° 04/2023 – Valorização da Diversidade Cultural Capixaba, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura).

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