Atualizado em 07/04/2025 – 16:33
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vai investigar a presença e o impacto dos microplásticos no ecossistema da Ilha de Trindade, localizada no Oceano Atlântico, a 1,2 mil km de Vitória e pertencente ao estado do Espírito Santo. A primeira viagem dos pesquisadores à ilha acontecerá em setembro.
O trabalho científico será conduzido pelo Laboratório de Biologia Costeira e Análise de Microplástico (LaBCAM) da Ufes, integrado ao Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Metodologias para Análise de Petróleos (LabPetro), ambos vinculados ao Departamento de Química.
A bióloga do LaBCAM e coordenadora do projeto, Mercia Barcellos, explica que o projeto propõe uma abordagem ampla para alcançar os resultados almejados.
“Vamos investigar e analisar a extensão da presença de microplásticos na Ilha da Trindade e compreender a dinâmica de distribuição dessas partículas no ambiente marinho, por meio do estudo de diversas matrizes ambientais como a biota, o sedimento e a água de regiões entre marés na ilha”, explica.
Além disso, a pesquisa também vai investigar a presença de microplástico no ar da ilha através de amostragens passivas com teias de aranha, que capturam partículas presentes na atmosfera. Segundo a bióloga, essa metodologia vai permitir detectar se o ar na localidade também está sendo afetado.
Poluição
Os microplásticos — partículas de plástico menores que 0,5 milímetros — são hoje uma das maiores preocupações ambientais globais. Se mostram uma preocupação, inclusive para a saúde humana e já foram encontrados em locais como a placenta humana, o cérebro e até em amostras de sêmen.
Para o biólogo João Marcos Schuab, bolsista do projeto, entender como esses poluentes estão chegando a um local remoto como Trindade. “Vamos investigar a presença de microplástico em diferentes matrizes: no sedimento da praia, na água, em alguns organismos marinhos e no ar, para saber se as partículas que o vento leva estão chegando à ilha. Se isso ocorrer, é muito preocupante, pois mostra que as partículas podem viajar longas distâncias”, destaca.
Além da pesquisa científica, o projeto busca sensibilizar o público geral acerca da poluição por lixo plástico no ambiente marinho, divulgando os resultados da pesquisa através de materiais gráficos e visuais que serão compartilhados nas redes sociais.
A coordenadora do projeto, Mercia Barcellos, explica que a pesquisa segue os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e a Agenda 2030: “Trará impacto principalmente para o ODS 14, que trata da vida no mar, sua conservação e contribuição para o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos com vistas ao desenvolvimento sustentável”.
O projeto foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na chamada 17/2024 – Programa Arquipélago e Ilhas Oceânicas, recebendo um financiamento de R$ 289.450,00. Também conta com o apoio logístico da Marinha do Brasil, responsável pelo transporte da equipe até a ilha.
Além da Ufes, como a instituição executora da pesquisa, responsável pelas coletas e análises, o projeto conta com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), que ficará encarregada da comunicação dos resultados e da Universidade de Quebec em Rimouski, no Canadá, que colaborará com a análise dos polímeros coletados.

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