Atualizado em 10/12/2024 – 15:33
Um biomédico e uma clínica de estética em Vitória, a qual ele é sócio-proprietário, são alvos da Operação “Ponto Cirúrgico”, da Polícia Civil do Espírito Santo, conforme divulgado em entrevista coletiva nesta terça-feira (10). O homem foi indiciado pela realização de procedimentos que somente médicos poderiam fazer e também por ter trabalhado com o registro profissional cassado. Ele não está preso. Enquanto as apurações continuam, o espaço comercial continua aberto.
A ação foi motivada pela denúncia de uma vítima que procurou a delegacia relatando ter sofrido consequências graves após realizar procedimentos estéticos no local, como lifting e blefaroplastia. Os procedimentos resultaram em deformidades permanentes, como o rosto caído, nódulos e cicatrizes evidentes. Uma profissional de odontologia, que auxiliava o biomédico, também foi indiciada.
De acordo com o delegado Diego Bermond, responsável pela investigação, foi descoberto que o biomédico já havia tido seu registro profissional suspenso pelo Conselho Regional de Biomedicina desde maio de 2024, por processos administrativos. Mesmo com a suspensão, ele teria realizado mais de 600 atendimentos e procedimentos na clínica.
“É algo que chamou a atenção, pois ele continuou operando normalmente, colocando em risco a saúde de seus pacientes”, comentou o delegado. Segundo a polícia, nesta fase inicial da Operação, sabe-se de pelo menos sete vítimas que se sentiram lesadas pelo biomédico. Outros casos serão apurados.
A operação contou com o apoio de diversos órgãos, como a Vigilância Sanitária de Vitória, o Conselho Regional de Medicina (CRM) e o Conselho Regional de Biomedicina (CRBM).
Durante a diligência, a PCES também constatou que o profissional usava sua imagem nas redes sociais para passar uma falsa sensação de credibilidade, autodenominando-se “CEO” da clínica. “Ele utilizava o marketing nas redes sociais para atrair vítimas, criando uma fachada de ser um profissional habilitado”, afirmou o delegado.
O biomédico foi indiciado por lesão corporal gravíssima, devido às deformidades permanentes causadas na vítima, exercício ilegal da medicina, por realizar procedimentos que somente um cirurgião plástico está autorizado a fazer, e estelionato, por enganar pacientes ao se passar por um profissional capacitado.
A investigação também revelou que, além do crime de lesão corporal, há indícios de outros crimes relacionados à segurança pública e à saúde, e a PCES segue apurando mais casos de possíveis vítimas dessa clínica. A operação “Ponto Cirúrgico” segue em andamento, com novas diligências programadas.
Interdição
A clínica de estética continua funcionando enquanto as investigações continuam, mas não está autorizada a realizar os procedimentos que somente podem ser realizados por médicos. Além disso, o biomédico indiciado não está atuando.
Entretanto, durante a Operação, a Vigilância Sanitária de Vitória chegou a interditar a clínica após encontrar medicamentos vencidos e alguns produtos sem identificação. “Fizemos a interdição cautelar de duas salas. A clínica então fez a esterilização dos produtos, então os espaços foram liberados. Fizemos a apreensão cautelar das substâncias vencidas e sem identificação, explicou a gerente da Vigilância Sanitária de Vitória, Viviani Barreto.
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