Atualizado em 17/06/2025 – 18:08

Hoje, na Câmara de Vitória, o vereador Jocelino fez o que raramente faz quando o assunto é o prefeito: subiu à tribuna cheio de energia. Mas não para cobrar gestão, apontar falhas ou fiscalizar o Executivo. Subiu para gritar contra mim.

Por ter publicado um artigo que expõe a ausência da oposição na capital, fui atacada em plenário. Acusada de não assistir às sessões (assistir é diferente de elogiar, vereador), tive minha formação pessoal usada como tentativa de deslegitimação, como se estudar fosse crime, e ainda ouvi, em alto e bom som, que posso ser processada. Tudo isso, claro, com uma dose teatral de gritos e dedo em riste. Porque é sempre assim: quando o outro lado da crítica é uma mulher, o tom sobe.

O vereador fez questão de lembrar que veio da periferia, como se isso lhe desse o monopólio da vivência difícil. Eu também vim. Cresci na dificuldade. Mas escolhi transformar minha trajetória em estudo, crítica e construção. Ele escolheu o caminho mais confortável: mirar em quem não está no poder. Atacar quem escreve, em vez de enfrentar quem governa. Inclusive chamou aliados do governo para defendê-lo.

A verdade é simples: se Jocelino usasse a mesma energia que teve hoje para cobrar o prefeito, diversos problemas da cidade já estariam resolvidos para sua base de votos. Mas isso não acontece. Porque gritar com o prefeito exige coragem. Gritar com uma mulher, bem… isso é fácil.

O episódio de hoje escancara o tipo de oposição que Vitória tem: fraca com os fortes, valente com quem escreve. Inclusive, ousou falar em liberdade de expressão e, logo em seguida, mencionou um possível processo. Curioso, não? Ouso dizer que o vereador não está com raiva do meu texto. Está com raiva de ser lido. Está com raiva de quem escancarou sua posição, que, aliás, já ecoava nos bastidores.

A que ponto chegamos, Vitória, onde um vereador ameaça com processo por medo da crítica? Qual será a próxima? Um vídeo gritando e atacando uma mulher nas redes sociais?

Aguardemos.

Este artigo é de responsabilidade da autora e não reflete necessariamente a opinião editorial do VIXFeed.