Atualizado em 13/10/2025 – 10:52
Na próxima quinta-feira (16), às 17 horas, a Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim, no Centro de Vitória, recebe a abertura da exposição “Olhar Neurodiverso”, produzida pelo Coletivo Atipicamente. A mostra apresenta 19 obras de nove artistas neurodivergentes, que expressam suas percepções de mundo por meio de pinturas, esculturas, desenhos e instalações. A visitação é gratuita e estará disponível até o dia 15 de dezembro.
Com curadoria de Angelica Reckel e produção de Déborah Corrêa, o projeto busca ampliar o diálogo sobre neurodiversidade, convidando o público a conhecer a diversidade das mentes humanas através da arte. “Aqui, as telas e criações não são apenas arte: são vozes, sensações e gritos por reconhecimento”, afirma Reckel.
Os participantes do Coletivo compartilham condições neurológicas como autismo, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e dislexia, e através de diversas linguagens artísticas expressam seus sentimentos, ideias, valores e visões de mundo. As obras expostas são assinadas pelos artistas Angelica Reckel, Gabi Cecile, Ilus, Larissa Azevedo, Mathias Cardeal, Mey Haruno, Max dos Santos, Yzá dos Santos e Rubens Barcellos.
Durante o evento de abertura, o público também poderá assistir a uma apresentação musical da artista Ilus, que também participa da exposição com quatro obras autorais — “Conexões”, “Abraçando a criança interior”, “Pássaros” e “Será que sou uma estrela no mar?”. Diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a cantora e pintora propõe em sua obra um olhar sobre a realidade desse segmento da sociedade.
“Cada obra fala de algo específico, mas posso dizer de uma forma geral que falo sobre minha solidão, sobre minha dificuldade de me reconhecer nas pessoas, da busca pela validação da minha história e de minha capacidade de criar um mundo que me contemple e contemple o que é importante para mim”, define Ilus.
A mostra fica disponível para visitação na Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim até o dia 15 de dezembro, com funcionamento de segunda a sexta, das 8h às 17 horas. A visitação em grupo pode ser agendada por e-mail (coletivoatipicamente@gmail.com).
Coletivo Atipicamente
Criado pela produtora cultural Déborah Corrêa, que também é a idealizadora da exposição, o Coletivo Atipicamente tem o objetivo de dar visibilidade a artistas neurodivergentes dentro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), levando suas obras para outros ambientes expositivos, para além do ambiente universitário.
“A ideia é dar voz a pessoas neurodivergentes para que, por meio das obras, elas falem como se sentem e como a sociedade as trata. Por essas pessoas não mostrarem deficiências aparentes, é mais difícil que a sociedade acredite nelas”, explica.
Antes de chegar à Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim, a exposição “Olhar Neurodiverso” já passou pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) e Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Serviço:
Exposição “Olhar Neurodiverso”
Abertura: 16 de outubro (quinta-feira)
Horário: 17h
Local: Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim, Rua São Gonçalo, 23, Centro, Vitória (ES), 29.015-210
Visitação: 16 de outubro a 15 de dezembro, de segunda a sexta, das 8h às 17h
Agendamento para visita de grupos: coletivoatipicamente@gmail.com
Formulário para formação gratuita de professores: https://docs.google.com/for ms/d/e/1FAIpQLSc2TDtbx6ogfqn7OQ2qf6FfY14go6wCkJj_A99KPtiVIvjrwQ/viewform?usp=sharing&ouid=107303371466851745341
Artistas participantes da mostra:
Angelica Reckel
Artista plástica com foco em pintura e curadoria, Angelica Reckel articula memórias afetivas e cotidiano imagético em suas obras. Sua trajetória combina a prática artística com a experiência em conservação de acervos e acompanhamento em gestão de exposições.
Ilus
Cantora e compositora, possui experiência com música, desenho e pintura, com formação acadêmica em música em andamento na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Trabalha com técnicas de pintura e desenho, e participou de três exposições coletivas.
Larissa Azevedo
Artista e arte-educadora do Coletivo Atipicamente, é estudante de Artes Plásticas e bolsista na Galeria Espaço Universitário, na área de conservação de acervo. Tatuadora especialista em pele negra, sua produção transita entre instalações, bordados e experimentações visuais que dialogam com corpo, memória e identidade.
Mathias Cardeal
Profissionalmente, dedica-se à ilustração e pintura (em telas e arte urbana), com estilo profundamente influenciado pelo Dark Fantasy, subgênero de obras artísticas que combina elementos tradicionais da fantasia com o horror. Seu trabalho é notável pela abordagem social e temática, com foco no empoderamento e na representatividade da negritude.
Mey Haruno
Estudante de Arquitetura com formação em Artes Plásticas. Neurodivergente, sempre foi imaginativa e usou a arte como meio de expressar uma zona de conforto. Autodidata na maior parte de sua trajetória como artista, Haruno enxerga o fazer artístico como um “escape necessário” do cotidiano. Participou de cinco exposições coletivas.
Max dos Santos
Com formação em andamento em Artes Plásticas, já participou de exposições coletivas na Galeria de Arte e Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e no Instituto Fênix. Trabalha com as técnicas de pintura e desenho.
Gabi Cecile
Natural da Bahia, sua prática como artista baseia-se no uso do autorretrato e no retrato do outro como pontes de um diálogo íntimo e empático. Seu trabalho visa criar um espaço onde as particularidades da experiência neurodivergente ganham visibilidade, transformando narrativas pessoais em poderosas reflexões coletivas sobre identidade e pertencimento. Participou de exposições na Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes e na Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF).
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Yzá dos Santos
Artista não binário de 21 anos, pesquisador e estudante de licenciatura em Artes Visuais pela Ufes. Suas obras e pesquisas nascem a partir do entrelaçar do olhar sobre seu corpo dissidente a práticas de cuidado ancoradas às tecnologias ancestrais e à ancestralidade afrodiaspórica umbandista.
Rubens Barcellos
Artista e montador do Coletivo Atipicamente, é estudante do curso de Artes Plásticas na Ufes e apaixonado pela imagética humana e pela escultura visual das formas biológicas. Seu foco de estudo e poética está no desenho, pintura e escultura em madeira e/ou ferro. Atua também na montagem e desmontagem de exposições.

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