Atualizado em 19/12/2024 – 15:27
A morte do jogador de futebol do sub-15, Murilo Costa Felix de Oliveira, de 14 anos, foi acidental, conforme concluiu a Polícia Civil após investigações. Ele teve morte cerebral depois de ser atingido por um tiro na cabeça. Após trabalhos de perícia e reconstituição minuciosa no local do ocorrido, constatou-se que o adolescente disparou contra si mesmo, acreditando que a arma estava descarregada.
O caso ocorreu em 21 setembro deste ano, mas a morte cerebral só foi confirmada quatro dias depois. No dia do ocorrido, Murilo estava na casa de um amigo de 15 anos, em Cariacica, manuseando a arma do pai desse outro adolescente, quando houve o disparo. O objeto ficava guardado em um cofre, mas o menino tinha acesso e quis mostrar para o amigo.
De acordo com a polícia, o revólver foi adquirido de forma irregular e estava em situação ilegal, portanto os pais serão indiciados: o pai pelo crime de posse irregular de arma de fogo e omissão de cautela, com pena máxima de cinco anos de detenção; e a mãe por omissão de cautela, com pena máxima de dois anos.
“Existem pessoas que não deveriam ter acesso a esse tipo de armamento. Por isso, é importante a restrição às armas de fogo no Brasil, porque muitas pessoas fazem mau uso e não têm condições psíquicas e emocionais para portar uma arma como essa”, destacou o titular da Delegacia Especializada de Adolescentes em Conflito com a Lei (Deacle), delegado Fábio Pedroto.
Já o filho, amigo de Murilo, vai responder por ato infracional análogo ao crime de homicídio culposo, por negligência e imprudência. Também responderá por fraude processual, por ter descaracterizado a cena do crime e, por fim, por omissão de socorro.
na medida em que ele agiu com imprudência ao acessar uma arma de fogo sem ter permissão e por imprudência ao permitir que a vítima acessasse o revólver e efetuasse o disparo fatal.
Hipótese provável
Conforme as investigações e perícias, a hipótese mais provável do ocorrido foi que o amigo de Murilo acessou o cofre onde estava a arma de fogo e levou para a sala onde estava o jogador, sentado à mesa. O adolescente começou a gravar vídeos manipulando o revólver sem munições e fazendo disparos “a seco”.
Depois, o amigo decidiu guardar a arma do pai e adicionou novamente as munições, deixando em cima da mesa. Com base na investigação, Murilo teria pegado o revólver novamente sem saber que estava carregado e acabou efetuando o disparo que atingiu a própria cabeça.
Reconstituição e exames
De acordo com a polícia, o exame de local, embora realizado em cena já alterada devido ao socorro prestado a Murilo, permitiu a coleta de evidências cruciais. “Registramos as manchas de sangue, determinamos o ponto de impacto do projetil e recuperamos o projetil responsável pela lesão fatal, elementos essenciais para nossa análise”, explicou o perito Onésio Barbosa, do Departamento de Perícias Externas (DEPEX).
Para o trabalho de perícia foram utilizados lasers e varetas de trajetória balística. Nesse caso, o uso da tecnologia de reconstrução 3D substituiu a reconstituição física.
Além disso, o Laboratório de Química Forense (LABQUIM), das Polícias Civil e Científica do Espírito Santo, realizou um exame residuográfico nas mãos de Murilo.
“Os resultados, obtidos através de microscopia eletrônica de varredura, confirmaram a presença de resíduos de disparo na mão direita da vítima”, revelou a Dra. Priscila Lang Podratz, responsável pela análise. Este exame foi realizado em cooperação com o Setor de Balística Forense da Polícia Federal, em Brasília.
Conversas de telefone foram periciadas
O chefe do Departamento de Perícia de Eletrônicos (DEPE), Marcos Barbosa, informou que foram periciados três smartphones, sendo extraídos vários arquivos de mensagens, dados de aplicativos e dados de mídia.
As análises revelaram conversas, incluindo relatos do amigo de Murilo presente no momento da tragédia, que demonstravam o caráter acidental da situação, além de informações sobre a posse da arma e pedidos de ajuda a amigos. Inicialmente, o colega foi colocado na posição de suspeito de ter atirado e foi, inclusive, apreendido em setembro.

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