Atualizado em 23/08/2025 – 13:08
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instaurou uma Reclamação Disciplinar contra a desembargadora Marise Medeiros Cavalcanti Chamberlain, do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (TRT-17), após denúncias de conduta considerada incompatível com a função de magistrada.
O processo distribuído em 5 de agosto de 2025, foi movido pelos juízes Roque Messias Calsoni, José Carlos Rizk e Suzane Schulz Ribeiro, que apresentaram ao CNJ cópias de mensagens, áudios e postagens em redes sociais da magistrada. O caso não tramita em segredo de justiça.
As mensagens registradas no processo mostram ofensas direcionadas a juízes e desembargadores, além de ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal em publicações e comentários compartilhados pela magistrada.
Ofensas em grupo institucional
As conversas anexadas ao processo ocorreram no grupo de WhatsApp da AMATRA 17 (Associação dos Magistrados do Trabalho da 17ª Região). Nas trocas de mensagens, a desembargadora Marise dirigiu ofensas a colegas, chamando-os de “gentalha” e afirmando que não respeitava o desembargador José Carlos Rizk, a quem também disse ter “vergonha” por sua trajetória no tribunal.
A magistrada ainda ironizou uma nota pública divulgada pela Frentas (Frente Associativa da Magistratura), chamando-a de “ridícula” e “hipócrita”. Em outro momento, acusou colegas de “garimparem diárias” em viagens, colocando em dúvida sua idoneidade.
Conteúdo político-partidário
Além das ofensas pessoais, a desembargadora compartilhou links de publicações de figuras políticas como Nikolas Ferreira e atacou colegas que apoiavam a nota da Frentas, chamando-os de “esquerdistas de merda”. Nas mensagens, afirmou que se sentia no direito de postar “o outro lado” em resposta a conteúdos que, segundo ela, favoreciam uma ideologia contrária.
As declarações foram vistas pelos reclamantes como manifestações político-partidárias em espaço institucional da magistratura, em afronta à exigência de neutralidade e urbanidade no exercício da função.
Repercussão entre os colegas
Diante das ofensas, o juiz Roque Messias Calsoni, que respondia interinamente pela presidência da AMATRA 17, interveio nas conversas e afirmou que o tom das mensagens havia ultrapassado os limites de respeito e fidalguia esperados entre magistrados.
Próximos passos
O processo está em análise pela Corregedoria do CNJ e já teve movimentações recentes, incluindo decisões e intimações. A defesa da desembargadora juntou procuração aos autos no último dia 21 de agosto.
A Reclamação Disciplinar busca apurar se houve infração disciplinar por parte da magistrada em razão das manifestações registradas. Caso sejam confirmadas irregularidades, o CNJ poderá aplicar sanções que variam de advertência à aposentadoria compulsória.

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