Atualizado em 24/01/2025 – 14:02
O Espírito Santo tem registrado uma média de 115 casos de Febre do Oropouche por dia. É o que apontam as informações divulgadas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio de boletins semanais. Somando os dados das três primeiras semanas do ano, o Estado já contabilizava 2.434 casos. Alfredo Chaves é o município mais afetado.
A Febre do Oropouche é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito maruim. Entre os sintomas estão dor de cabeça, muscular e nos olhos, febre, náuseas e diarreia. Nos casos mais graves, leva à morte.
Até o momento foi confirmada uma morte do Espírito Santo ocasionada pela doença. De acordo com a Sesa, a vítima que morreu era uma mulher de 61 anos, moradora de Fundão, na Grande Vitória. Outros três óbitos ainda estão em investigação. Além disso, estudos apontam que a Oropouche está associada a casos de microcefalia em bebês, por meio de transmissão vertical, e o Estado também já registrou o primeiro caso.
Por meio dos dados, é possível observar que a incidência de casos vem subindo em 2025. Na primeira semana do ano, foram 748 casos confirmados; na segunda, 767 registros; e na terceira, 919. A somatória já representa quase metade dos casos que foram registrados durante todo o ano de 2024: 4.909, de acordo com a Sesa. Acompanhe os boletins.
O município capixaba onde foram registrados mais casos é Alfredo Chaves, na região Sul do Estado, com 78 casos somente neste ano e 1.275 registros totais.
O biólogo Edson Delatorre, pesquisador do laboratório de genômica e ecologia viral da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), afirma que o maruim se beneficia de matéria orgânica em locais próximos a fontes de água, animais e seres humanos.
Segundo ele, a produção de banana em pequenas propriedades rurais, próximas a fontes d’água e a trechos de Mata Atlântica, como no Espírito Santo, podem ter facilitado a adaptação e a proliferação do maruim com a doença em outro bioma.
ES concentra 90% dos casos do país
O Espírito Santo concentra cerca de 90% dos casos de Oropouche do Brasil, segundo a Sesa. No dia 13 de janeiro, representantes do Ministério da Saúde estiveram em Vitória para uma reunião com representantes do Estado para tratar sobre o enfrentamento às arboviroses, que também abrangem doenças como dengue, chikungunya e Zika.
O encontro, que teve como foco principal as ações voltadas à dengue e ao Oropouche, contou com a presença do secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, e da secretária Nacional de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.
Como reconhecer o mosquito
Entre as principais características do inseto está o seu tamanho diminuto. Diferentemente do Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e chikungunya, o maruim é considerado um inseto muito pequeno, medindo cerca de 1,5 milímetros, podendo atingir 3 milímetros, sendo visto, muitas vezes, apenas como um pontinho na pele.
O horário em que ele pica também se diferencia do Aedes. O maruim tem preferência pelo período do início da manhã e no final de tarde, sendo esse último o preferido. Se a quantidade de maruim for muito alta na localidade, o inseto pode atacar ao longo de todo o dia e a sua presença está associada também ao incômodo à população, devido à picada dolorosa e persistência em se alimentar.
A referência técnica em Zoonoses e Doenças Vetoriais da Secretaria da Saúde, a bióloga Karina Bertazo, explicou que apenas as fêmeas se alimentam de sangue e contou qual o local preferido do inseto para colocação dos ovos.
“O maruim necessita, de forma geral, de três coisas, que são: a umidade, matéria orgânica e sombra. Dessa forma, vários tipos de plantações, como a de banana, café, cacau, margens de rios, solos úmidos, matéria orgânica e até lixo são locais propícios”, disse.
Fui picado, o que fazer?
Os primeiros sintomas aparecem entre três e oito dias após a picada do inseto, podendo durar de dois a sete dias. Os sintomas são parecidos com os da dengue e da chikungunya, com quadro clínico podendo evoluir com febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular e dor articular.
No início dos sintomas, é importante que a população procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima, e relate ao profissional de saúde sobre sua exposição potencial à doença. O diagnóstico para a Febre Oropouche é realizado por exames laboratoriais de biologia molecular (RT-qPCR), feitos pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES).
Não há tratamento específico disponível para a doença, sendo tratada os sintomas, com prescrição de medicamentos que auxiliam no alívio dos sintomas.
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