Documentário ‘Onde Está Zumbi?’ estreia neste terça (26) em Vitória

Atualizado em 25/08/2025 – 14:53

No mês em que o hip-hop completa 52 anos, a primeira sessão pública de “Onde Está Zumbi?”. será exibida do Cine Metropolis, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória, nesta terça-feira (26), às 19h. O documentário de 53 minutos reconstrói o processo de criação do LP “Tributo a Zumbi” (1996), considerado o primeiro registro fonográfico do rap capixaba. A entrada é gratuita.

A produção leva o público de volta aos anos 1990, período em que a cultura hip-hop se consolidava como linguagem de resistência no Espírito Santo, em meio à violência urbana, ao racismo e à ausência de políticas culturais voltadas à juventude periférica. Nesse contexto, a Ladeira São Bento, no centro de Vitória, se tornou ponto de encontro de artistas e militantes, funcionando como um espaço de convivência e criação coletiva.

O documentário reúne depoimentos de protagonistas desse processo. Pandora Da Luz recorda a Ladeira como um “quilombo urbano”, enquanto Renegrado Jorge destaca as dificuldades da gravação em estúdios improvisados. Sagaz, do grupo Suspeitos na Mira, enfatiza a escolha pelo vinil como símbolo cultural, e Zumba, do Negritude Ativa, relembra a força política da faixa “Ideologia do Gueto”. GL Preto acrescenta que o disco, hoje raro, se tornou um marco para a cena local.

O LP reuniu oito grupos — Negritude Ativa, Tropa de Zumbi, Conceito Feminino, Mano Jeff & DJ Edy, DJ Criolo & Renegrado Jorge, Suspeitos na Mira, Observadores e Radicais Livres — gravados em condições técnicas limitadas, que exigiram soluções criativas para a construção das batidas e arranjos. As letras abordam temas como racismo, violência policial, desigualdade social e afirmação da identidade negra.

Segundo o diretor Luiz Eduardo Neves, o filme busca preservar a memória de um momento fundamental para a cultura do Espírito Santo: “O Tributo a Zumbi documenta um momento em que o hip-hop se inscreveu de forma definitiva na história cultural do estado. É um registro que conecta passado e presente, reafirmando que as batidas e vozes daquele vinil ainda reverberam nas ruas”.