Atualizado em 07/04/2025 – 09:39
Nos últimos anos, em meio a tanto avanço tecnológico, inteligência artificial e produção em escala, algo curioso (e bonito) vem acontecendo: estamos voltando os olhos para o que carrega intenção, presença e tempo.
Pinturas, esculturas, cerâmicas, instalações, colagens. Obras com textura, matéria, traço.
Não é só estética — é gesto. E esse gesto, hoje, fala muito mais alto do que parece.
O valor da imperfeição
Existe uma beleza honesta no que não é perfeitamente simétrico: a caneca torta de cerâmica, a pincelada que escapa do contorno, a textura que desafia o olhar.
Em tempos de filtros e perfeição artificial, essas “falhas” se tornam poesia.
Elas nos lembram que há alguém ali.
Alguém que erra, sente, respira.
Presença em tempos de excesso
Em um cenário acelerado, em que tudo é conteúdo e tudo passa rápido demais, a arte que carrega tempo se destaca.
Aquela que não se explica de imediato, que exige pausa, que ativa o olhar com mais calma.
Ela nos tira do modo automático.
E nos convida de volta para o agora.
Não é tendência. É memória.
Pode parecer moda, mas esse movimento diz respeito à memória afetiva.
Quantas vezes algo imperfeito não nos tocou mais do que algo “correto”?
Tem cheiro de infância, de feira de domingo, de coisa feita para durar. Tem alma.
E talvez seja justamente isso o que mais buscamos hoje: presença.
Um convite ao gesto
Talvez o mais bonito de tudo isso seja perceber que essa presença não está só nas obras que admiramos, mas também nas que podemos criar.
Experimentar um processo criativo, com calma, com as próprias mãos, pode ser uma forma poderosa de reconexão.
Estúdios como o Grün, da artista Milly Cruz, oferecem exatamente essa experiência: um espaço onde o tempo desacelera, o barro ganha forma e a criação vira respiro.

Seja por curiosidade ou por vontade de se desconectar um pouco do mundo lá fora, vale se permitir viver esse gesto.
Para além do automático
No fim das contas, o que é arte, senão uma tentativa de nos fazer sentir vivos?
E o que há de mais vivo do que aquilo que carrega tempo, intenção e afeto?

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