Atualizado em 03/01/2025 – 17:04
Quando pensamos em discos, as capas não são apenas uma proteção para o vinil ou o CD; elas são verdadeiras obras de arte. Mais do que isso, muitas se transformaram em ícones culturais, carregando a essência da música e até refletindo a visão do artista. Algumas são tão impactantes que nos transportam para outro universo antes mesmo de darmos o play.
Clássicos que transcenderam o tempo
Entre as capas mais icônicas da história estão a psicodelia vibrante de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, e a simplicidade ousada de The Velvet Underground & Nico, marcada pela famosa banana assinada por Andy Warhol. A capa do Velvet Underground, criada pelo lendário artista pop, trazia um adesivo interativo que permitia “descascar” a banana, revelando uma fruta rosa por baixo. Apesar de atrasar o lançamento do álbum devido à sua produção manual, esse detalhe transformou a capa em um marco cultural que conecta arte, música e cultura pop.
Outro exemplo memorável é Aladdin Sane, de David Bowie, com a icônica fotografia de Brian Duffy. A imagem mostra Bowie de olhos fechados, um raio vermelho atravessando seu rosto e uma lágrima em seu peito. Com um design minimalista, a capa destaca a persona única de Bowie, consolidando-o como um dos maiores ícones visuais da música e elevando ainda mais o sucesso do álbum.
Outro destaque é a capa de The Division Bell, do Pink Floyd, lançada em 1994, mais uma obra-prima de Storm Thorgerson, parceiro de longa data da banda em 15 projetos, incluindo clássicos como Animals e The Dark Side of the Moon. Para este álbum, Thorgerson criou duas esculturas metálicas gigantes em formato de cabeças, posicionadas em um campo aberto. A imagem impressiona: dependendo do ângulo, vemos duas cabeças distintas ou um único rosto simétrico formado pela junção das peças. As esculturas originais hoje integram a coleção do Museu do Hall da Fama do Rock and Roll, em Cleveland, EUA.
O enigma de Unknown Pleasures
Poucas capas são tão enigmáticas e marcantes quanto a de Unknown Pleasures, do Joy Division. Lançado em 1979, esse álbum icônico do pós-punk tem uma capa que segue intrigando até hoje. Criada por Peter Saville, ela exibe o gráfico das pulsações de uma estrela morrendo, registradas pela primeira pulsar descoberta. A imagem foi originalmente desenhada por Harold Craft, estudante de astronomia, como parte de sua tese de pós-doutorado nos anos 1970.
O gráfico mostra 80 “flashes” de ondas de rádio emitidas pela estrela, unindo ciência e poesia cósmica. Segundo Patrick Weltevrede, astrofísico da Universidade de Manchester, essas ondas são “relâmpagos” vindos de muitos anos-luz de distância, captados por rádiotelescópios e convertidos no desenho que se tornou icônico. Mais do que representar um fenômeno astronômico, a imagem reflete a intensidade e a efemeridade da vida — temas centrais na música da banda.
A arte como extensão da música
Essa integração entre arte visual e música é o que torna as capas de discos tão fascinantes. Mais do que ilustrações, elas são extensões da experiência sonora, repletas de significados e histórias. Cada detalhe é um convite para entrar no universo do artista e intensificar a conexão com o álbum.
Celebrando o legado das capas na era digital
Em tempos de streaming, onde álbuns muitas vezes se perdem em meio a playlists e singles, celebrar a arte das capas é mais relevante do que nunca. Elas nos lembram que a música vai além do som — é uma experiência completa, que une cultura, expressão e identidade visual. Mesmo em um mundo digital, as capas continuam a contar histórias e a dar vida às emoções que as músicas despertam.
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