Atualizado em 22/03/2025 – 08:45

Um grupo de amigos e familiares do jovem Breno Rezende, de 25 anos, assassinado em frente a um bar na Rua da Lama, em Vitória, realizou um ato em homenagem à memória da vítima, na noite desta sexta-feira (21), na capital. A manifestação também pediu por justiça, para que a pessoa que deu fuga ao suspeito também seja detida, e decorreu de forma pacífica durante todo o tempo.

O crime aconteceu na madrugada do último sábado (15), por volta das 4h40. O suspeito, que foi identificado como um dos donos do bar Sofá da Hebe, Vilson Luiz Ballan, desferiu a facada em Breno após uma discussão sobre o pagamento de uma cerveja, de acordo com a investigação. Ele foi preso três dias depois, quando se entregou à polícia.

Até o momento, a Polícia Civil trata Vilson Ballan como o único envolvido no homicídio, mas as investigações continuam. De acordo com o delegado Ramiro Diniz, caso ficar constatada a participação de algum outro indivíduo, essa pessoa também vai ser indiciada e presa.

A concentração ocorreu na Praça Volgano Neto (Praça do Carone), em Jardim da Penha, de onde os participantes seguiram em caminhada até o local do crime. Eles levaram cartazes e a maioria vestia uma camisa estampada com o rosto de Breno. Antes do ato, parte dos manifestantes participou da Missa de Sétimo Dia do jovem, que ocorreu na Igreja de São Francisco, em Jardim da Penha.

A tia de Breno, Ludmila Machado, participou do ato na companhia de outros familiares. “Esta é uma manifestação pacífica porque o Breno só prezava pela paz. Estamos aqui para que a justiça continue sendo feita, para que o assassino continue preso, pegue pena máxima. O que a gente quer é que a justiça continue sendo feita, que meu sobrinho jamais seja esquecido e que outras vidas não sejam ceifadas também, por conta disso.”

A deputada estadual Camila Valadão (PSOL) também participou do ato. Ela presidia a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo (Ales).

“É exatamente essa comissão que vai acompanhando todos esses casos, que infelizmente envolvem violências absurdas como essa, então a gente veio pra prestar solidariedade à família e também para poder reforçar, do ponto de vista público, a cobrança das autoridades no sentido de uma investigação rigorosa que leve a responsabilização do autor desse crime absurdo e também daqueles que o acobertaram ou que retiraram ele do local do crime. A gente entende que esse tipo de conduta é parte do crime, essas pessoas também precisam ser responsabilizadas”, declarou.

A vereadora de Vitória Karla Coser (PT) também explicou que se solidariza com a família e os amigos de Breno, e que é importante “não banalizar a violência”. “Nós temos leis que precisam ser cumpridas. A gente não está falando de vingança, a gente não está falando de retaliação, a gente está falando de pedir justiça por uma pessoa que foi brutalmente assassinada. Nós temos elementos pra isso. E que essa pessoa seja responsabilizada, tem seu direito de defesa garantido, mas que ela seja responsabilidade no rigor da lei por cometer esse crime terrível.”

Após a caminhada, os manifestantes pararam em frente ao Bar Caldeirão, que pertence ao irmão de Vilson. Na porta fechada do estabelecimento, havia o aviso de que o local não funcionaria nesta sexta-feira e sábado (22) em “solidariedade à família e amigos de Breno Rezende”. Entretanto, a opinião dos participantes sobre a real intenção divergia do anúncio.

“Eles não sentem muito, porque se eles sentissem muito eles não teriam aberto o estabelecimento em dia nenhum. No dia do jogo do Brasil, estava aberto, funcionando, e eles fazendo lucro em cima após a morte do meu amigo, entende? Se eles fossem realmente respeitosos, eles teriam entrado em contato com a família, eles teriam prestado apoio, mas não, eles só eles só se mostraram, entre aspas, empáticos com a gente a partir do momento em que doeu no bolso deles. E em momento nenhum eles se prestaram a dar apoio à família ou tentar ajudar de alguma forma nas investigações”, desabafou a jovem Emanoelly Carmelita, 23 anos, amiga de Breno.

Suspeito preso

A prisão temporária de Vilson Luiz Ballan, na tarde desta terça-feira (18), ocorreu após um acordo proposto pela defesa do suspeito. Durante depoimento na delegacia, o investigado escolheu permanecer em silêncio e não responder nenhuma das perguntas da polícia.

O delegado Ramiro Pereira Diniz, chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo caso, explicou que a polícia foi contatada na segunda-feira (17) pela defesa de Ballan e foi acordado que ele se entregaria. No acordo, o advogado pediu que não houvesse exposição da imagem do suspeito no momento da prisão.

O suspeito foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana, onde permanece à disposição da Justiça. O delegado Diniz informou que Vilson já tinha passagens pela polícia, de aproximadamente 15 anos atrás, por porte de arma, posse de drogas e desacato à autoridade.

O crime

O crime aconteceu por volta das 4h40 da madrugada de sábado, quando uma confusão iniciada dentro do bar se estendeu para a calçada. Breno foi encontrado ferido, sendo amparado por uma mulher, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no local antes mesmo da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Testemunhas relataram à Polícia Militar que o autor dos golpes fugiu do local em uma picape branca estacionada em frente ao estabelecimento. As descrições e outros elementos colhidos durante as investigações levaram à identificação do empresário.

Até o momento, a Polícia Civil trata Vilson Ballan como o único envolvido no homicídio, mas as investigações continuam.

“Ainda temos um prazo para concluir as investigações, ele [o suspeito] está preso em virtude de mandado de prisão temporária, e se, ao final desse prazo, quando a gente concluir o inquérito, ficar constatada a participação de algum outro indivíduo, essa pessoa também vai ser indiciada e presa pela equipe da DHPP Vitória”, esclareceu o delegado Ramiro Diniz.

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