Atualizado em 24/02/2025 – 10:24
Os alunos dos cursos da área de saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) estão enfrentando um problema com cães que habitam o campus de Maruípe. Eles relatam que já ocorreram casos de cinomose entre os animais, além de diversos ataques a alunos, sendo que alguns resultaram em mordidas. O mais recente, que ocorreu na última semana, foi a uma gestante. Apesar de várias denúncias, eles alegam que não houve resposta satisfatória por parte da Prefeitura de Vitória.
Segundo a aluna e diretora do movimento estudantil do Centro Acadêmico de Nutrição, Nathalia Barcelos, os animais transitam pelo campus há quase dois anos. Atualmente, são ao menos sete cachorros e que demonstram agressividade, tendo atacado diversos alunos: “Eles são territorialistas, então qualquer pessoa que pensam que é ameaça, eles vão avançar e eles têm feito isso continuamente”, informou Nathalia.
No dia 12 de fevereiro, a estudante de fonoaudiologia e gestante, Hullyandra Goggi, foi mordida por um dos animais enquanto saía de uma aula no campus. Segundo a estudante, três animais vieram na direção dela e um deles a mordeu na coxa direita. Ela foi socorrida por dois policiais militares, que estavam em um dos prédios próximos e a ouviram gritar.
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“Na hora não tive reação nenhuma, pois pensei ‘o que eu vou fazer sozinha sem ninguém aqui?’. A minha sorte é que os militares estavam na sala lá perto, senão eu nem sei o que seria, pois o cachorro estava rosnando”, relatou.
De acordo com os estudantes, no dia anterior a este episódio, 11 de fevereiro, uma criança atendida por um dos programas oferecidos pela universidade nos prédios do campus também foi mordida por um desses animais. Além desses casos, que são os mais recentes, outros alunos já foram atacados.
Vacinação
Um dos maiores medos dos estudantes é a transmissão de doenças por meio das mordidas, com é o caso da raiva. Mas, nesta semana, os alunos receberam a informação de que, em dezembro, uma servidora da universidade conseguiu com que os animais fossem vacinados contra a raiva por meio dos serviços da prefeitura. Além disso, também há a informação de que existem planos para a castração dos cachorros por parte do serviço público municipal. Nada disso foi confirmado pela Prefeitura de Vitória ao VIXFeed, mesmo após várias tentativas de contato.
Mesmo com a vacinação, os estudantes alegam que ainda se sentem ameaçados pela agressividade apresentada pelos animais. A Prefeitura de Vitória, através do 156, e o Centro de Vigilância em Saúde Ambiental já foram procurados diversas vezes pelos alunos. Eles afirmam que as instituições alegam não possuírem o serviço terceirizado para recolher e realocar os animais.
Sem acesso a cuidados veterinários, os próprios cachorros ficam vulneráveis a doenças. Ocorreu, em outubro de 2024, um surto de cinomose no campus: uma cadela que havia acabado de parir e seus filhotes contraíram a doença. A cadela ficou em estado grave, apresentando sintomas como vômito e dificuldade de se locomover.
Por iniciativa própria, os alunos Milleny Ganho e João Arthur Fiorido, respectivamente presidente e vice-presidente do movimento estudantil do Centro Acadêmico de Nutrição, organizaram uma “vaquinha” on-line para arcar com os custos de consultas veterinárias, exames e tratamentos.
“A gente entrava em contato com a prefeitura, pedíamos urgência, eles falavam que iriam logo, que iriam ‘amanhã’, mas nunca apareceram para ajudar quando os cachorros estavam com a doença. Eles deram vacina recentemente nesses cachorros para raiva, mas alegam que não dão para cinomose. Porém os cachorros não precisavam de vacina na época, precisavam de tratamento”, contou Milleny.
Uma professora da universidade tentou ajudar e se ofereceu para pagar o restante do tratamento, mas o animal já estava muito debilitado e precisou ser submetido à eutanásia.
Surto de pulgas
O campus de Maruípe da Ufes também enfrentou, no ano passado, um surto de pulgas, que foi controlado pela própria administração da universidade. Os alunos acreditam que a infestação pode ter se originado devido à presença dos cães, que nunca receberam tratamento contra pulgas no campus.
A questão segue sem uma solução definitiva e os animais não tem previsão de serem realocados e cuidados.
“Queremos que os cães, que residem há mais de ano na Ufes de Maruípe, sejam atendidos pela prefeitura para que consigam ser castrados, vacinados, alimentados, cuidados, e colocados para adoção, para que a qualidade de vida deles também melhore”, ressaltou a estudante Nathalia Barcelos.
Outro lado
O VIXFeed procurou a Prefeitura de Vitória para saber se, após as denúncias de alunos e servidores do campus de Maruípe, alguma medida será tomada. A tutela de saúde e do meio ambiente está no âmbito da competência do município, conforme a Constituição da República, que garante também que o Poder Público deve proteger a fauna e a flora.
Nesse sentido, a Prefeitura foi questionada sobre a aplicação de vacinas, o recolhimento dos animais que representam riscos às pessoas que frequentam o campus, castração e se planejam organizar uma feira de adoção com os animais. Entretanto, nenhuma resposta foi enviada até o fechamento desta reportagem. Assim que uma nota oficial for divulgada, o texto será atualizado.
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