Atualizado em 11/04/2025 – 07:45
A Polícia Civil concluiu que foram os dois enteados do motorista Cláudio Bernardo Silva, de 58 anos, que o mataram em Fundão, durante o carnaval deste ano. As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (10). Um deles já está preso e o outro encontra-se foragido.
Segundo o superintendente de Polícia Regional Norte, delegado Fabrício Dutra, a motivação foram as várias desavenças que tinham com o padrasto e também por dinheiro, já que os irmãos roubaram o carro e a carteira da vítima após matá-la, o que configura latrocínio.
Cláudio foi dado como desaparecido pela própria esposa, depois que ele a levou para o trabalho em um asilo em Praia Grande, Fundão, e nunca mais apareceu. A família, que era de Vila Velha, passava o feriado de carnaval no local. Por meio das investigações, a polícia descobriu que a vítima foi morta pelos irmãos dentro da própria residência, na madrugada de 4 de março.
O corpo de Cláudio foi encontrado enterrado em uma cova na areia entre a Barra do Jucu e a Praia dos Recifes, entre Vila Velha e Guarapari, no dia 19 de março, duas semanas após o crime.

Quem são os executores
De acordo com a polícia, os suspeitos de executar Cláudio são os enteados dele: Pablo Malaquias, de 31 anos, e Thiago Malaquias, de 35. Ambos já tinham várias passagens pela polícia desde a adolescência, por crimes como tráfico de drogas, assalto, porte de arma, violência contra a mulher, homicídio e também por latrocínio.
Pablo, inclusive, estava evadido do sistema prisional. Segundo a polícia, ele estava em regime semiaberto e durante o cumprimento da pena ele podia sair para trabalhar, retornando ao final do expediente, mas houve um dia em que não retornou mais. O suspeito foi o primeiro a ser preso, pois estava dirigindo o carro de Cláudio quando foi abordado pela polícia – que já tinha formado um cerco e tinha o número da placa do carro, após denúncia da esposa – horas depois do crime ter acontecido.
A última informação sobre Thiago que é de conhecimento da polícia é de que ele foi deixado por Pablo em Guarapari antes do irmão ser preso. “Sabemos que ele anda muito na região 5 de Vila Velha, na Grande Terra Vermelha, e também em Guarapari, então é uma missão nossa encerrar esse caso com essa prisão, e para isso precisamos da ajuda da população, que pedimos que denuncie. É um indivíduo que tem várias passagens e que agora está com um mandado de prisão pelo crime de latrocínio”, disse o delegado Fabrício Dutra.
Como ocorreu o crime
O delegado explicou que as investigações apontaram que Cláudio era um homem muito correto, tanto no ambiente familiar quanto no trabalho, o que chamou muito a atenção das pessoas que o cercavam quando ele desapareceu.
“Havia um desentendimento familiar entre eles, porque o Thiago ameaçava a mãe, era usuário de drogas, então queria sempre dinheiro e coagia a mãe. O Cláudio intervia nessas brigas em favor da mãe, esposa dele. Inclusive, ele teria expulsado os dois de casa por conta desse convívio conflituoso, mas no carnaval eles meio que fizeram as pazes. Não sei se os enteados realmente tinham essa intenção de fazer as pazes ou se foi tudo um teatro, mas o Cláudio resolveu dar uma nova chance para os meninos e recebeu eles na casa em Praia Grande, que era uma casa de praia deles”, disse o delegado.
Conforme as investigações, depois de levar a esposa para o trabalho em um asilo em Praia Grande, Cláudio ainda encontrou com alguns familiares da esposa e com os enteados, e depois seguiu para casa. Na residência, ele foi morto pelos irmãos.
Os dois então colocaram o corpo no carro de Cláudio e seguiram em direção a Guarapari, mas não encontraram um lugar para enterrá-lo. Retornando, pararam na região entre a Barra do Jucu e Praia dos Recifes, um local ermo, e lá cavaram uma cova funda para deixar o corpo.
“A causa da morte é indeterminada, não foi a tiro, mas como o corpo já estava em uma fase gasosa quando foi encontrado, foi indeterminada. O que a gente pode dizer é que ele estava com as pernas e os braços amarrados, e uma corda também amarrada no pescoço”, detalhou o delegado.
Depois de enterrarem o corpo, retornaram para Praia Grande, esconderam o carro e voltaram para casa. Segundo a polícia, quando a mãe retornou do trabalho, já no dia 4 de março de manhã, perguntou pelo marido e os filhos disseram que ele não havia voltado. Foi então que ela procurou a polícia, pois essa não era uma atitude comum.
O delegado explicou que os irmãos, então, saíram de casa justificando que iriam trabalhar, mas pegaram o carro de Cláudio e seguiram para Guarapari, onde ficou Thiago. No retorno, Pablo acabou preso.
Encontro do corpo
O corpo de Cláudio foi encontrado no dia 19 de março, 15 dias após o crime. As cadelas Brisa e Fênix que ajudaram a localizar a cova.
“O Corpo de Bombeiros já faz um trabalho de localização de pessoas desaparecidas, tanto vivas quanto em óbito, e os cães eles estão inseridos nesta unidade. Naquele caso específico, a Polícia Civil nos indicou o possível local e fomos até lá com as cadelas. Foram elas que indicaram o ponto onde o corpo foi enterrado”, explicou o sargento Erisley Lenke, do Centro Especializado de Resposta a Desastres (Cerd), do Corpo de Bombeiros.

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