Atualizado em 30/12/2024 – 10:56
A ceia de Ano Novo é o momento que marca a comemoração da passagem de um ano para o outro, de reunião de amigos e familiares, regado à boas comidas e bebidas. Mas você sabia que boa parte do preço que paga por esses itens é apenas impostos? Por vinhos, uísques e vodcas, por exemplo, chegamos a pagar mais de 50% do valor em tarifas. O levantamento foi feito por meio da plataforma Impostômetro.
O advogado tributarista Samir Nemer, que fez o levantamento, explicou que o vinho importado lidera o ranking, com 64,57% do valor final destinado aos cofres públicos.
“A tributação brasileira é extremamente onerosa sobre o consumo, especialmente em produtos considerados supérfluos, como bebidas alcoólicas. O vinho importado, por exemplo, é um dos itens mais taxados, o que explica os preços elevados nas prateleiras”, explicou Nemer.
Além do vinho importado, o uísque (56,40%) e a vodca (54,72%) também estão entre os produtos mais taxados. Quanto às bebidas nacionais, como o vinho e o espumante, possuem tributos menores, mas ainda altos: 45,56%. A cerveja, bastante consumida nas festas, tem uma carga tributária de 39,07%.
Já os alimentos tradicionais da ceia apresentam percentuais de impostos menores, embora ainda relevantes. Peru, Chester e pernil, por exemplo, têm 35,78% de seu valor final composto por tributos, enquanto as lentilhas, símbolo de prosperidade, possuem 35,30%. Produtos básicos como arroz (17,51%) e frutas (23,30%) são menos impactados devido ao princípio da essencialidade, ou seja, importantes para a sobrevivência e bem-estar do cidadão.
“De modo geral, os alimentos têm carga tributária mais baixa, mas isso não significa que o impacto no orçamento das famílias seja pequeno, especialmente para aquelas de menor renda”, alertou Nemer.
O advogado ressaltou também a importância de os consumidores se informarem sobre os tributos embutidos nos produtos para fazer escolhas conscientes e exigir melhorias na gestão pública. “Poucos consumidores se dão conta de que, ao comprar um vinho de R$ 100, mais de R$ 60 vão para os cofres públicos. Esse conhecimento é essencial não só para planejar a ceia, mas também para cobrar políticas tributárias mais justas e eficazes”, declarou.
Reforma tributária
Com a reforma tributária aprovada no Congresso Nacional e enviada para a sanção presidencial, o advogado destaca que haverá a implementação do Imposto Seletivo, que incidirá sobre bens considerados prejudiciais à saúde, como bebidas alcoólicas. Isso poderá elevar ainda mais os percentuais que já altos.
“O Brasil possui uma das maiores cargas tributárias do mundo, mas o retorno em serviços para a população é considerado um dos piores, segundo estudos do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação). Precisamos, como sociedade, entender e questionar como esses recursos são aplicados”, completou.
Confira o ranking
1. Vinho importado: 64,57%
3. Uísque: 56,40%
2. Vodca: 54,72%
4. Vinho nacional e espumante: 45,56%
5. Cachaça: 43,86%
6. Cerveja: 39,07%
7. Chocolate: 38,25%
8. Sorvete: 38,73%
9. Nozes: 36,98%
10. Refrigerante em lata: 36,56%
11. Panetone: 36,50%
12. Colomba pascal de chocolate: 36,02%
13. Peru, chester e pernil: 35,78%
14. Lentilha: 35,30%
15. Bacalhau importado: 34,58%
16. Frango: 31,22%
17. Peixes: 27,55%
18. Frutas: 23,30%
19. Pão: 20,87%
20. Arroz: 17,51%
Receba, semanalmente e sem custos, os destaques mais importantes do ES, do Brasil e do mundo diretamente no seu e-mail.