Coral Guarani Tape Retxakã lança álbum gravado na casa de orações de aldeia em Aracruz

O Coral Guarani Tape Retxakã, da aldeia Ka’agwy Porã (Nova Esperança), em Aracruz, lançou seu primeiro álbum, “Djagwata Porã”, um marco na trajetória musical e espiritual do grupo, por ter sido gravado inteiramente dentro da Opuy’i, a casa de reza da comunidade. O trabalho já está disponível nas principais plataformas de streaming, como Youtube e Spotify.

O álbum reúne 12 composições autorais em guarani, escritas de Edmilson Karaí e Patrícia Takuá, além de uma faixa composta por Werá Djekupé (Marcelo Guarani). A produção musical de Aline Maria.

Com o título “Djagwata Porã”, que significa “caminhada sagrada”, traduz o percurso de aprendizado, cura e conexão espiritual que orienta a vida do povo Guarani. Os cantos presentes no trabalho evocam práticas ancestrais do povo indígena e a força da coletividade, e abordam temas como proteção, equilíbrio e ligação com Nhanderu, o grande criador.

O grupo Tape Retxakã é composto por 20 integrantes e liderado pelo casal Edmilson Karaí e Patrícia Takuá. O coral utiliza instrumentos tradicionais como mbaraka mirim (chocalho), angu’á pu (tambor), takua pu (percussão de bambu tocada pelas mulheres), além de rabeca e violão de cinco cordas, afinados segundo a espiritualidade Guarani. Em 2025 o coral participou ainda da faixa “Sonhar Floresta / Ka’agwy Porã”, do álbum Sonhos, da cantora capixaba Luíza Boê.

Segundo Edmilson Karaí, a musicalidade é parte essencial da rotina da aldeia. “O coral é uma prática que é da nossa cultura. Toda noite temos o costume de juntar crianças e adultos na casa de reza e ter momentos assim, para nós mesmos. E quando vêm visitas na aldeia, o coral também tem essa função de mostrar a musicalidade do povo Guarani. Quando somos convidados também costumamos ir em escolas, universidades, espaços culturais, levando também o nome da aldeia e a cultura, música e língua Guarani”, destaca.

O novo álbum é contou com o apoio da Secretaria da Cultura (Secult), com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura) e da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura (MinC), do Governo Federal, possibilitou a gravação do disco, a aquisição de novos instrumentos tradicionais e a circulação do coral em atividades culturais ao longo de 2025.