Atualizado em 07/10/2025 – 17:56
O Seminário Internacional de Psicanálise: A Adicção como um Sintoma reuniu, nesta terça-feira (7), na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), profissionais, pesquisadores e estudantes para discutir os desafios contemporâneos em torno das adicções — desde dependências químicas até compulsões ligadas ao consumo, ao sexo e ao amor.
O evento foi promovido pela Rede Abraço, em parceria com a Ufes e a Escola Brasileira de Psicanálise (EBP), e teve como conferencista principal o psiquiatra e psicanalista francês Pierre Sidon, membro da École de la Cause Freudienne (ECF) e da Associação Mundial de Psicanálise (AMP).
Em sua fala, Pierre refletiu sobre as duas principais causas da adicção na sociedade contemporânea: o excesso de oferta de objetos e a falta de limites.
Segundo ele, “o excesso nos satura, engana o desejo e nos propõe objetos sempre novos — e isso é o que chamamos de sociedade de consumo. A outra causa é a falta de borda, de limite. Nosso psiquismo precisa de bordas que nos contenham, pois sem elas, estamos mortos”
Durante a abertura, Carlos Lopes — sociólogo, professor e subsecretário de Estado do Espírito Santo — destacou o papel do poder público em adotar uma postura acolhedora diante das adicções.
“Ao invés de segregar ou acusar, o Estado opta por um caminho de abraçar”, afirmou, ressaltando que a Rede Abraço oferece tratamentos personalizados, respeitando a individualidade de cada pessoa acolhida.
O seminário contou ainda com a presença de Alberto Murta, psicanalista, professor da Ufes e membro da EBP/AMP, e de Claudia Murta, psicóloga, filósofa, psicanalista e integrante do PAVIVIS – Programa de Atendimento a Vítimas de Violência Sexual. Claudia também foi responsável pela tradução simultânea da fala de Pierre Sidon, facilitando o diálogo entre o conferencista e o público.
Além disso, o evento teve tradução em Libras, reafirmando o compromisso com a acessibilidade e a inclusão.
A mesa principal, composta por representantes da Ufes, da EBP e da Rede Abraço, conduziu um debate profundo sobre o modo de gozo contemporâneo e a necessidade de compreender a adicção como sintoma de uma sociedade saturada de consumo, mas carente de limites.
Mais do que discutir patologias, o encontro reforçou uma ideia central: acolher é também uma forma de tratar — e compreender o sintoma é, antes de tudo, reconhecer a humanidade em quem sofre.

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