Atualizado em 25/09/2025 – 18:03
Adoro livro de criança, principalmente quando me emocionam. Aliás, eu gosto especialmente de compartilhar livro de criança com criança.
É uma das coisas mais bonitinhas do mundo ver a percepção brilhante do pequeno serumaninho. Ele vai falar coisas que você não pensou, vai ter uma reação inesperada e vai ter um encantamento num lugar diferente do seu encantamento.
Meus sobrinhos sempre imitam os personagens depois do livro lido, e muitas vezes pedem que a história se repita, noutras vezes inventam uma história em cima. O certo é que uma pequena diversão se desdobra em várias outras diversões, e eu fico sempre alegre em ver isso acontecendo.
Mês passado levei para eles, que tem seis e quatro anos, o livro “Guilhermina não gosta de não”, de Estevão Ribeiro. É uma declaração de amor do escritor à filha, Guilhermina, que vive cercada de carinho e vai aprendendo a lidar com as dificuldades, como falar palavra, lidar com frustração e entender o tempo das coisas.
A Guilhermina que inspirou o livro é uma menina autista, e eu me vejo muito parecida com ela porque também já tive dificuldade de lidar com nãos, frustrações e palavras. Como a protagonista, eu também gosto de brincar e de ser cercada de uma boa comunidade que me acolhe em minhas dores. Acho que foi por isso que dei uma leve choradinha ao terminar de ler o livro.
Tem detalhes nos desenhos que me deixam esperançosa de um mundo melhor, como a figura do pai (o próprio Estevão) penteando o cabelo da menina que tem sensibilidade. As características vão sendo colocadas em rima, e o acolhimento sempre está presente na narrativa. Percebo essa literatura de acolhimento como importante para nossa formação e para a construção de nossas aldeias.
Além de tudo, o livro ainda é uma fofura no jeito de apresentar (com fotos e textos) a história real que inspirou aquelas páginas. Meus sobrinhos gostaram bastante e queriam ser amigos da Guilhermina imediatamente após a leitura.
_ Titia, se a Guilhermina é de verdade a gente pode visitar ela?
_ Ela mora longe.
_ Mas é no Brasil?
_ É no Brasil.
_ Mas dá pra ir de carro?
_ É meio longe, tem que ir de avião.
_ Então é só pegar um avião, ué!
A imaginação vai crescendo sem amarras (que a vida mais cedo ou mais tarde vai botar), e a cada livro com as crianças eu fico sendo uma tia mais babona.

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