Já parou pra pensar na importância das bibliotecas? Háuma feira de troca de livros na Biblioteca da Ufes (vai de 29 a 31 de outubro). Fui lá assistir a fala da professora Maria Amélia Dalvi sobre livro, leitura e literatura na educação escolar e não escolar. E aí me senti menos sozinha, mais militante e maior do que antes.
A Maria Amélia lembrou que há instituições que trocam a compra de um acervo de livros físico por compras de acervos digitais, e nós coletivamente compreendemos que muitas vezes isso é individualizante. O livro físico também é uma forma de contato.
Em seu panorama, a professora trouxe dados de que há muitas bibliotecas (inclusive escolares) sem bibliotecárias, e que as bibliotecárias são intelectuais que mediam leitura.
Voltei aos meus 13-14 anos, quando depois da escola eu ia na biblioteca municipal ler os clássicos e todas as revistas. A bibliotecária Eliane virou minha madrinha de crisma, e embora eu não vá mais na igreja eu continuo frequentando bibliotecas. São, para mim, um lugar de conforto.
Lembrei que sempre que vou na biblioteca do Sesc a Bianca me mostra novidades, sugere coisas, conversa comigo sobre livro, me pergunta o que eu achei. Maria Amélia me lembrou de que esse cuidado e essa troca são coisas preciosas que a gente perde quando vai tudo para o celular.
Teve um mocinho que disse que tinha medo de livro porque não pode rasgar e tem que ter cuidado e tal e coisa. O sentimento dele é comum, e isso também a biblioteca ensina: compartilhar objetos públicos, cuidar do livro, cuidar da coisa pública. Na minha cabeça, acho que isso deixa a gente mais cidadã e mais apta a viver em sociedade.
Aplicativos não são relações humanas, aplicativos suprimem relações humanas, bem disse a professora. “Pensar livro, leitura e literatura é pensar relação entre pessoas”, Maria Amélia nos fez refletir.
Outra coisa interessante que ela trouxe: a biblioteca nas escolas faz um trânsito entre a educação escolar e a não escolar. E a escola e a sociedade se alimentam uma da outra na educação mas não são a mesma coisa. Eu sei, é complexo. Mas é a nossa vida.
Ser leitor, ela disse, é mergulhar na sua comunidade, e uma pessoa mediadora de leitura permite as pessoas a participarem da comunidade. E isso tudo, eu acho muito tudo e muito precioso.
A feira de troca de livros da Biblioteca Central da Ufes vai até dia 31, mas a Biblioteca continua lá. As bibliotecas continuam.

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