Atualizado em 27/10/2025 – 09:03
As tradicionais rendeiras de bilro do Espírito Santo ganharam um novo Ponto de Memória com o lançamento do site www.barraderenda.com. O espaço virtual à dedicado ao registro da histórias e dos saberes dessa prática secular capixaba, reconhecendo a arte de trançar fios como expressão cultural, afetiva e econômica das mulheres do Espírito Santo.
O projeto foi realizado pelo Grupo Barra de Renda, de Vila Velha, e reúne publicações literárias, vídeos, depoimentos e documentos históricos sobre o ofício que atravessa gerações. Regina Maria Ruschi, coordenadora do grupo, explica que, inicialmente, o site tem foco foco o resgate histórico das rendeiras da Barra do Jucu, em Vila Velha, e de Meaípe, em Guarapari, polos importantes da produção artesanal de renda no Estado e que sofreram com os impactos do avanço da indústria têxtil.
“É fundamental salvaguardar essas memórias, registrar as técnicas e instrumentos usados ao longo do tempo, mas também destacar as mulheres que foram mestras no passado. Elas não apenas dominavam a arte da renda manual, como também contribuíam significativamente para a economia doméstica e para um modo de vida próprio em suas comunidades. São motivo de orgulho para as gerações atuais e futuras”, destaca Regina.
O site apresenta um acervo histórico que mostra a presença da renda de bilro na história do Espírito Santo. Entre os registros, está o primeiro relato de que se sabe da presença das rendeiras de bilro no Estado, feito pelo pintor francês Auguste François Biard, que observou a confecção das rendas em aldeias indígenas de Aracruz durante uma visita ao Espírito Santo entre 1798 e 1882.
Também faz parte do acervo o relato da escritora norte-americana Julia Louisa Keyes no livro “Nossa Vida no Brasil: imigração norte-americana no Espírito Santo entre 1867 e 1870”, que descreve: “Alguns foram atraídos ao verem mulheres fazendo renda sobre almofadas, o que era feito com grande destreza, usando inúmeros alfinetes e bilros. Esses bordados e pontos eram realmente belos, e as senhoras usavam-nos para adornar seus vestidos.”
Para Regina Ruschi, esses relatos reforçam a importância da renda como patrimônio cultural capixaba. “Eles nos ajudam a entender quem somos e mostram a importância da transmissão das tradições de geração em geração, até chegar aos dias atuais, com o valor que essa arte ainda tem para as comunidades”, afirma.

Pontos de Memória
Os Pontos de Memória são iniciativas reconhecidas pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e pelo Ministério da Cultura, voltadas à valorização da memória e da museologia social em comunidades de todo o país.
No caso das rendeiras de bilro, o reconhecimento amplia a visibilidade de um ofício que representa o protagonismo feminino nas comunidades litorâneas capixabas e fortalece a cultura popular tradicional do Estado. O projeto é uma realização do Grupo Barra de Renda, de Vila Velha, e foi contemplado pelo Edital nº 06/2023 da Secretaria da Cultura (Secult), com recursos do Fundo de Cultura do Espírito Santo (Funcultura).
Serviço:
Novo Ponto de Memória das Rendeiras de Bilro de Vila Velha – Projeto Barra de Renda
Horário de Funcionamento: Terça a quinta-feira – das 14h às 17h e Sábados – das 9h às 11h
Endereço: Rua Vasco Coutinho, s/nAnexo à Unidade de Saúde, Barra do Jucu – Vila Velha.
Confira o site: https://barraderenda.com/
Instagram: @barraderenda


Receba, semanalmente e sem custos, os destaques mais importantes do ES diretamente no seu e-mail.





