Atualizado em 22/09/2025 – 11:49
O projeto do novo curta-metragem O Fim do Mundo, que será dirigido pelo cineasta Paulo Sena e que foi selecionado pelo Edital do Funcultura da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), vai oferecer uma oficina de atuação gratuita para pessoas que não são atores profissionais, e está com inscrições abertas. A atividade é uma contrapartida obrigatória do edital e será realizada em outubro de 2025.
Tanto o curta-metragem quanto a oficina fazem parte de ações afirmativas e inclusivas do projeto. O objetivo é possibilitar que pessoas trans, não-binárias e travestis tenham contato com a sétima arte, além de tornar o universo da produção audiovisual capixaba mais participativo, colaborativo e responsável.
A oficina será conduzida pela atriz premiada Suely Bispo, que também está responsável pela preparação do elenco do filme. São quatro semanas de formação, em parceria com a Associação GOLD (Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade). As inscrições podem ser feitas online mediante seleção.
Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA ) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), apenas 4% das pessoas trans e travestis no Brasil têm emprego formal com carteira assinada. E ainda apontam que cerca de 90% dessa população recorrem à prostituição como fonte de renda.
No Espírito Santo, uma pesquisa inédita realizada na Grande Vitória mostrou que 58% das pessoas trans, travestis e transexuais ganham até dois salários mínimos, e que 38% exercem trabalho sexual ou como acompanhantes como fonte de renda.
O estudo, que faz parte de uma pesquisa inédita divulgada em 2023 pelo Governo do Estado do Espírito Santo e conduzida pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH) em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e movimentos sociais, revelou que, entre essas pessoas, 52,4% têm entre 20 e 29 anos, 66% se declaram negras ou negros, e apenas pouco mais de 40% chegaram ao ensino médio completo.
Para Juliana Sena, produtora executiva da Cabelo Seco Soluções Criativas, responsável pela oficina, é fundamental oportunizar não-atores desse grupo para que contem suas próprias narrativas, desenvolvam habilidades e acessem espaços culturais onde historicamente estiveram excluídos.
Débora Sabará, presidente da Associação GOLD, acredita que ter mais iniciativas como esta significa ampliar visibilidade e fortalecer direitos: “Projetos assim são caminhos concretos para mostrarmos a pluralidade das identidades e garantirmos que vozes trans, travestis e não-binárias possam ocupar papéis de protagonismo na cultura capixaba”.

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