A primeira turma de Medicina do campus São Mateus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) deve iniciar os estudos ainda no 1º semestre de 2026. Essa é a perspectiva após a assinatura da portaria pelo ministro da Educação, Camilo Santana, nesta terça-feira (22), que autorizou a implantação do curso.
De acordo com o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, a autorização para criação do curso de Medicina em São Mateus acontece quase dez anos depois de protocolada a primeira versão do projeto do curso no Ministério da Educação (MEC).
“Esta é uma ação extremamente importante, não só para o norte do Espírito Santo, para também para o sul da Bahia e o leste de Minas Gerais. Nós já temos um curso de Medicina de excelência e agora vamos ter mais um”, destacou.
O projeto de implantação do curso prevê a oferta de 60 vagas por ano. O investimento calculado é de R$ 30 milhões, incluindo a construção de um prédio e a aquisição de equipamentos e outros itens necessários para seu funcionamento. Deste montante, cerca de R$ 5 milhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) estão reservados para as obras do novo bloco do curso. A perspectiva é que as vagas sejam oferecidas a partir do primeiro semestre de 2026.
“Nós só temos um curso [público] de medicina no estado do Espírito Santo, que é em Vitória. Agora, a gente abre mais 60 vagas no extremo norte, lá na divisa com a Bahia. Então, fortalece o centro universitário que nós temos lá – um passo importante para levar o ensino para mais perto das pessoas e dar oportunidade a elas”, celebrou o governador do Estado do Espírito Santo, Renato Casagrande, que também participou da solenidade.
O ministro Camilo Santana destacou que a portaria faz parte da política nacional de expansão das escolas médicas nas instituições federais de educação do Brasil. “O nosso objetivo é ampliar os cursos de medicina e as vagas de medicina nas nossas universidades públicas federais em todo o país”, afirmou.
Hospital-escola
Casagrande também sinalizou a possibilidade de repassar ao governo federal a gestão do Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, para que possa funcionar como hospital-escola do novo curso de Medicina da Ufes na região. Segundo ele, a medida seria viável porque o governo do estado já está construindo um outro complexo hospitalar no município.
Com a autorização para a implantação do curso, a Ufes dará início ao processo para a seleção de servidores técnicos e docentes por meio de concurso público. A expectativa é de que sejam abertas 30 vagas para técnicos e 60 vagas para docentes.
Mobilização
A autorização para criação do curso de medicina em São Mateus acontece quase dez anos depois de protocolada a primeira versão do projeto do curso no Ministério da Educação (MEC). Mas a primeira ação nesse sentido se deu em 2014, quando teve início “uma caminhada longa, com muitos desafios, que envolveu muitas pessoas, cada uma dando a sua contribuição”, lembra o pró-reitor Roney Pignaton, que foi diretor do Ceunes no período 2014-2018 e, durante sua gestão ao lado da então vice-diretora Diógina Barata, defendeu a proposta.
Ele destaca que o município de São Mateus está inserido numa região de fronteira das regiões Sudeste e Nordeste, com larga abrangência populacional e que apresentava, naquela ocasião, a média de 0,5 médico por mil habitantes, “situação que necessitava de intervenção urgente, bastante inferior à média nacional, então estimada em 1,95”.
A primeira versão do projeto do curso, elaborada por uma comissão de docentes, foi protocolada no MEC em novembro de 2015. Entretanto, em abril de 2018, o presidente Michel Temer suspendeu a criação de novos cursos de medicina por um período de cinco anos.
Em abril de 2023, uma semana após o fim do período de proibição instituído pelo governo federal, o então reitor da Ufes, Paulo Vargas, solicitou o desarquivamento do processo no MEC, anexando uma nova proposta do curso elaborada pela comissão.
Um ano depois, em abril de 2024, a Comissão de Acompanhamento e Monitoramento das Escolas Médicas (Camem) realizou uma visita ao campus de São Mateus para avaliar as condições de implementação do curso de medicina. Após a visita, a comissão emitiu um parecer no qual afirmava reconhecer positivamente os potenciais de implantação do curso de medicina no campus. “Numa análise sistemática, identificamos que o PPC [Projeto Pedagógico de Curso] demonstra formatação atualizada e possui ferramentas de ensino compostas por metodologias ativas. Observamos que os cenários de ensino e de práticas em serviço são muito favoráveis para implantação do curso”.
“Foi uma luta de várias mãos, um trabalho muito coletivo. Nós estamos aqui representando muitas pessoas, tanto da comunidade interna do Ceunes quanto da população de São Mateus, que estavam ansiosas para esta aprovação”, afirmou a vice-diretora Vivian Cornelio.

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