Atualizado em 06/09/2025 – 07:39
Um projeto desenvolvido pelos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) foi selecionado como finalista do Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo, que integra a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. O evento, que acontece a partir de 18 de setembro de 2025, no Parque Ibirapuera, reunirá trabalhos de universidades de todo o mundo para discutir o papel da arquitetura na reversão das mudanças climáticas.
Ao todo, o concurso recebeu mais de 130 inscrições. Intitulado “Rio Doce: uma proposta de reconstrução pelas águas”, o projeto foi um dos 30 finalistas, sendo o único do Espírito Santo. Para viabilizar a participação, os estudantes envolvidos lançaram uma campanha de financiamento coletivo on-line na plataforma Catarse, com o objetivo de arrecadar recursos para custear a viagem e a estadia.
O projeto
O trabalho foi desenvolvido na disciplina Projetos Especiais II, sob orientação dos professores Karlos da Vitória Rupf e Lutero Proscholdt Almeida. Segundo o orientador, a iniciativa nasceu como uma provocação aos alunos, sobre como a arquitetura poderia contribuir em um debate multidisciplinar proposto pela curadoria da Bienal. A temática escolhida, o Rio Doce, se aproxima dos 5 eixos temáticos da edição deste ano do evento: preservar as florestas e reflorestar as cidades; conviver com as águas; reformar mais e construir verde; circular e acessar juntos com energias renováveis; e garantir a justiça climática e a habitação social.
“A escolha desse objeto de análise e projeto se deu tanto pela sua importância dentro do território capixaba e nacional — e a nossa intenção de reafirmar isso —, quanto pela abordagem das violências que atravessaram o Rio Doce historicamente e também das potencialidades da região, como a presença de comunidades tradicionais ribeirinhas e indígenas ao longo de toda extensão do rio, cidades à beira-rio, resquícios de áreas com mata nativa e todo o potencial a partir do estabelecimento do Rio como um eixo de desenvolvimento regional que possa confluir os interesses ambientais, sociais e econômicos para um propósito comum: a convivência harmoniosa do homem com a natureza”, explica o professor Karlos Rupf.
O professor destaca também o rompimento da barragem em Bento Rodrigues (Mariana-MG), maior desastre-crime ambiental do Brasil, que gerou, através da poluição das águas do Rio Doce, impactos no território em escala monumental que precisam ser solucionados no presente, para as atuais e futuras gerações.
O aluno do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ufes, Pedro Melo, explica que o objetivo do trabalho era entender como integrar melhor o ser humano com o corpo do Rio Doce e seus afluentes. Para isso, o grupo estudou como funciona a biodiversidade da região, o ciclo da água naquela bacia hidrográfica, como as pessoas vivem na região atualmente, como as pessoas viviam ali antes e o processo de formação das cidades ao longo do Rio Doce, para, a partir disso, criar proposições de intervenções arquitetônicas.
“O ideal seria que não tivesse acontecido o desastre, o ideal seria que as cidades não tivessem ocupado as margens do Rio Doce, esse seria o ideal para o ambiental. Isso já não aconteceu. Então, o que a gente queria no nosso projeto é fazer uma proposição no sentido de que, como o ideal era não fazer uma intervenção ali, já que houve o impacto o ideal é tentar fazer com que o assentamento humano ali e a dinâmica da cidade em torno do Rio Doce se integre com a dinâmica do Rio e que a gente consiga fazer com que a região fique melhor do que era antes. Já que a gente já ocupou aquele espaço, vamos fazer com que essa ocupação seja o menos danosa possível para o Rio”, explica Pedro Melo.
A seleção
Depois dos meses de trabalho, a seleção do projeto como um dos finalistas do Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo da Bienal foi recebida com alegria por alunos e professores.
“Foi muito gratificante. Eu acho que, independente da gente ter sido selecionado ou não, ficou um projeto incrível. Eu enquanto aluno fiquei surpreso com o resultado final que a gente, enquanto turma, conseguiu alcançar. Eu acho que isso vem como uma forma de reconhecimento, que o nosso projeto está entre os 30 selecionados internacionalmente, então mostra também que é um projeto muito importante, muito interessante para o mundo ver também como que a gente faz essas proposições de intervenção no Rio Doce”, afirma o aluno.
A seleção quebrou um hiato de 10 anos em que o curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo não participou da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. “Para além da classificação, temos um importante caminho a percorrer que é a viabilização física de nossa proposta no espaço da exposição em São Paulo e oportunizar a participação de nossos alunos nesse evento tão importante, um espaço de troca e discussão sobre a presente e futura atuação do arquiteto e urbanista frente aos enormes desafios que temos para enfrentar em escalas local e global”, destaca o orientador do projeto, Karlos da Vitória Rupf.
Campanha
Visando arrecadar fundos para cobrir as despesas da viagem, os alunos da Ufes criaram uma campanha de financiamento coletivo através da plataforma on-line Catarse. Segundo o estudante Pedro Melo, o valor da confecção do painel e da inscrição no evento, já foi patrocinado pela Universidade.
Agora, os estudante buscam arrecadar uma quantia de R$ 23.800, valor necessário para cobrir os custos de alimentação, transporte e estadia em São Paulo, para o grupo composto por 20 estudantes, durante 4 dias de evento. Interessados podem contribuir com doações e aprender mais sobre o projeto neste link.

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