Atualizado em 27/11/2025 – 15:18
A Mariana parece uma boneca, então as crianças de 4 a 6 anos acham pertinente puxar o cabelo dela ou levantar a barra de chita da saia rodada. Mariana é contadora de história, e este ano circulamos juntas com livrinhos de criança pelos CMEIS num projeto chamado “Marolinha nas escolas”, da editora Maré.
Se o parquinho já era um lugar selvagem, o CMEI é uma viagem psicodélica como são os desenhos animados. De repente todas as crianças estão dançando, mas uma foge pra pegar o pandeiro. Nas paredes, pinturas diversas com temáticas diversas e o nome dos alunos destacados.
Um menino fez cocô no chão, e há professoras a postos com protocolo preparado para a pertinente e rápida limpeza, enquanto as crianças educadíssimas sabem que não é momento de encostar naquele pedaço do latifúndio que lhes cabe.
Tem uma peruca rosa em um CMEI que já passou em cinco cabeças de crianças, duas pedagogas e agora está na fotógrafa de nosso projeto. A menina chorava muito até sentar no colo da Bernadette Lyra, escritora que veio com a gente ouvir a própria crônica na voz da Mari e se apresentar para os pequenos.
Na brincadeira do abraço, em que a música pede que se abrace a criança do lado, as professoras conseguem perceber a criança mais desabraçada e estar perto para acolher. É fofo. As tias do CMEI merecem muitos louros e coisas bonitas.
Existem qualidades amorosas pipocando em todos os cantos de infância que estamos pisando nesses dias. As crianças abraçam, desenham, choram… respondem eu para cada pergunta. Aurora mesmo já assumiu que se chama Guilherme, mora na Bahia e não gosta de ouvir história.
Sim, porque toda pergunta que Mariana faz e começa com “quem aqui… “(se chama Guilherme, gosta de história, foi à Bahia, perdeu a bacia) é prontamente respondida com muitos braços levantados e gritos de “eu!”.
A necessidade de pertencimento está colocada, como a necessidade de afeto e de estímulos intelectuais. Enquanto isso alguma criança samba, outra criança folheia um livro e há quem chore, há quem ria. Assistem deitados ou sentados às histórias, mas estão ativos e participativos.
É bonito perceber que as crianças são inquietas e atentas ao mesmo tempo. Rolam no chão, mas respondem às perguntas todas sobre a história que estão sendo feitas enquanto a história está sendo contada.
Acho que deve ser esse o jeito certo de viver: inquieta, atenta, pronta para o próximo encantamento. Criança enche a gente de vida, né?

Receba, semanalmente e sem custos, os destaques mais importantes do ES diretamente no seu e-mail.





