Atualizado em 25/04/2025 – 08:46
Nesta quinta-feira, 24 de abril, quando se celebra o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), no qual desde 2002 é reconhecida como o meio legal de comunicação e expressão na comunidade surda do Brasil, uma escola de ensino fundamental em Vila Velha chama atenção por ir além da homenagem: ela inclui o ensino de Libras na grade curricular dos alunos, promovendo inclusão e ampliando horizontes desde cedo.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5% da população brasileira é composta por pessoas que apresentam algum tipo de deficiência auditiva. Essa porcentagem equivale a mais de 10 milhões de cidadãos, também segundo ao instituto estima-se que há mais de 2 milhões de pessoas no país.
Levando em conta essa porcentagem da população que tem uma dificuldade de se comunicar com a maioria, a UMEF Deputado Paulo Sérgio Borges, em Morada da Barra, Região 5 de Vila Velha, é uma das duas escolas do munícipio a ofertar o estudo de Libras na matriz curricular.
Nela os alunos de 20 turmas no matutino e 21 no vespertino estudam semanalmente a língua, que não se baseia apenas nas mãos — embora esses membros tenham um papel fundamental na sinalização. Na verdade, as expressões faciais e os movimentos corporais também são essenciais para a comunicação, o que faz da Libras uma língua espaço-visual por excelência.
A assessora do Núcleo de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação em Vila Velha, Priscila Muzy, afirma que o ensino de Libras se faz essencial.
“O ensino da Libras é muito importante em todas as escolas que tenham a matrícula de alunos surdos. A língua de sinais é muito importante para esse contato, mas também o contato com os surdos que estão ainda aprendendo para aquisição linguística e a aquisição da identidade surda.”
Implantação da política pública
Para otimizar a Política Bilíngue para alunos surdos, o município implementou Escolas Referência no atendimento aos alunos surdos, por meio do Decreto Municipal nº 108 de 2015.
São elas: as UMEFs Deputado Paulo Sérgio Borges (Região da Terra Vermelha) e Prof.ª Nice de Paula Agostini Sobrinho (Região do Centro de Vila Velha) e a UMEI Casulo Vovô (Região do Centro de Vila Velha). Porém, até a presente data, no ano letivo de 2025 a UMEI Casulo Vovô ainda não possui matrícula de alunos surdos, portanto, não há a presença de professores da equipe bilíngue.
Diante da necessidade de difundir e ampliar o acesso comunicacional entre alunos surdos e ouvintes nestas Escolas Referência, o ensino da Libras, no ano letivo de 2024, foi implantado como componente curricular.
As aulas
Na UMEF Deputado Paulo Sérgio Borges, as aulas acontecem uma vez por semana e envolvem todos os alunos. A ideia é simples: ensinar Libras desde cedo.
Para a professora de Libras que é surda, Bruna Massucati, a importância de ensinar a língua de sinais para alunos com surdez e ouvintes é ter a aquisição. “No caso dos alunos surdos, se faz importante o ensino para que possam conhecer as palavras e depois serem capazes de transcrever para a língua portuguesa.”
Entre os estudantes está Kauã Araújo, de 10 anos, que é surdo. Para ele, as aulas de Libras são mais do que um conteúdo escolar: são a chance de se expressar, de ser compreendido e de fazer parte.

“Eu me divirto muito com meus amigos, a gente consegue brincar, interagir. Consigo interagir com meus colegas, eu amo aprender Libras, gosto muito,” afirma Kauã.
Porém, para a equipe, ainda existem desafios que precisam ser superados. A professora ouvinte de Libras, Vilma Martineli, que dá aula para as turmas com alunos surdos e ouvintes, diz que um dos grandes desafios é que muitas vezes as pessoas não entendem o porquê do estudo da língua de sinais na grade curricular.
“O desafio de ensinar Libras é aquele que vem dos que ainda não estão adaptados à questão da surdez nas escolas. Normalmente, em um ambiente escolar, são um ou dois alunos surdos que ficam isolados no ambiente, e isso não é o correto. Então o desafio é fazer as pessoas entenderem porquê estão aprendendo aquilo”, explica.
Mas entre os sorrisos, os desafios e os sinais, o aluno do 4º ano Jhonatan Barbosa, colega de Kauã, contou que sempre espera ansioso pela próxima aula de Libras. “Gosto da aula, ela é quase minha melhor matéria. Eu gosto de poder falar com o Kauã, eu falo oi, eu falo tudo bem e pergunto como ele está”, destaca.

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