Atualizado em 19/05/2025 – 17:45

O Parque Pedra da Cebola, em Vitória, recebe entre os dias 20 de maio e 22 de junho a exposição gratuita “Vidas em Cordel”, um projeto do Museu Vale, em parceria com o Museu da Pessoa, de São Paulo, que transforma histórias reais de vida em literatura de cordel ilustrada com xilogravuras. A mostra, que está rodando o Brasil, reúne 22 trajetórias inspiradoras, incluindo as de suas personalidades capixabas, e conta uma homenagem especial à figura popular Dona Domingas, símbolo da luta da população negra no Espírito Santo.

Com visitação de terça a sexta, das 9h às 18h, e aos fins de semana, das 9h às 16h, a exposição é uma galeria a céu aberto e conta com acesso gratuito. Escolas interessadas em visitas educativas podem agendar pelo telefone (27) 9 9252-7525 ou pelo e-mail [email protected].

As histórias em cordel das capixabas Regina Maria Ruschi e Dilvana Silva Santos foram feitas especialmente para esta montagem da exposição e, a partir de agora, seguirão no acervo. Regina é a fundadora do Grupo Barra de Renda, que desde 2015 se dedica a passar de geração em geração a técnica das rendas de bilro no balneário da Barra do Jucu, em Vila Velha. Sua trajetória foi contada em cordel por Marco Haurélio, com xilogravuras de Lucélia Borges.

Já Dilvana Silva Santos liderou em Colatina a coleta seletiva e a educação ambiental, com o intuito de reduzir o envio de resíduo reciclável seco ao aterro sanitário municipal, além de reintroduzir esse material à cadeia de produção, gerando renda para os associados. Os artistas Rouxinol do Rinaré e Julie Oliveira e a xilogravura de Artur Soares deram vida à história dela na exposição.

Será feita também uma homenagem a Dona Domingas, figura popular de Vitória e símbolo da luta negra, que representa outras histórias negras apagadas ou mal contadas.

“Sua inclusão é um gesto de reconhecimento ao valor de sua trajetória e como símbolo da luta coletiva da qual ela, ainda que inconscientemente, participou”, destaca o pesquisador Marcus Vinícius Sant’Ana, convidado para escrever a história dela para a exposição.

Entre as obras que já fazem parte do acervo, estão cordéis sobre figuras como: o jornalista Gilberto Dimenstein; o líder indígena e imortal da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak; MC Kawex, rapper que passou 20 anos em condições de extrema vulnerabilidade e usou a música como instrumento de denúncia e expressão social, e César Vieira, pseudônimo de Idibal Matto Pivetta, advogado que teve papel fundamental na defesa de presos políticos durante o período da ditadura militar no Brasil.

Além disso, uma cabine instalada no Parque Pedra da Cebola permitirá que o público registre a sua própria história. O material criado será disponibilizado no site do Museu da Pessoa. Depois da temporada em Vitória, a mostra seguirá a partir do dia 26 de junho para a região Noroeste, no Centro de Ciência de Colatina.

Para a diretora do Museu Vale, Claudia Afonso, contar essas trajetórias por meio do cordel e da xilogravura é uma forma de evidenciar e valorizar a memória de pessoas que constroem o nosso país: “Ao apresentarmos histórias de capixabas como Regina, Dilvana e Dona Domingas, reforçamos o compromisso do Museu com a valorização da cultura popular e da memória local. Mas é especialmente potente saber que essas vozes não ficarão restritas ao Espírito Santo. A itinerância da exposição permitirá que elas ecoem em outros estados do Brasil, enquanto as histórias gravadas na cabine farão parte do acervo do Museu da Pessoa, e estarão disponíveis on-line e acessíveis. É uma maneira de preservar e amplificar o que temos de mais precioso: as histórias reais que nos constituem como sociedade.”

Formação de Profissionais da Educação

A partir da temática da exposição, o Museu Vale, em parceria com o Museu da Pessoa, realizará a formação “Literatura de Cordel: Do Sertão à Sala de Aula”, voltada para profissionais da educação. A atividade será conduzida pelo cordelista Marco Haurélio, com o objetivo de apresentar possibilidades de uso da literatura de cordel em contextos escolares e espaços educativos.

A formação é presencial, gratuita e acontece no dia 21 de maio, das 9h às 11h30, na Sala Educativo Museu Vale, no Parque Botânico Vale, em Jardim Camburi. As inscrições estão abertas até às 12h do dia 20 de maio, pelo site museuvale.org.